A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) promoveu, na manhã desta quinta-feira (8), uma reunião da Câmara Técnica de Saneamento Rural (CTSR), realizada de forma virtual. O encontro reuniu representantes de diversos estados e companhias associadas à Aesbe para discutir estratégias, projetos inovadores e iniciativas que buscam avançar na universalização do saneamento básico em áreas rurais.
Com uma pauta objetiva e estruturada, a reunião teve como temas centrais: a definição do escopo e da data para o próximo encontro presencial, a elaboração de uma apresentação conjunta sobre experiências em saneamento rural, a estruturação de um curso de gestão voltado às companhias associadas à Aesbe, em parceria com a Escola FESPSP, e os avanços na regulação do setor rural.
A instalação e o fortalecimento da CTSR foram destacados como fundamentais para ampliar a visibilidade e a efetividade das ações nas regiões mais afastadas dos centros urbanos. O setor jurídico da Aesbe ressaltou a importância do quórum qualificado para deliberações e propôs medidas de estímulo à participação, como a realização de visitas técnicas e eventos regionais para fomentar o engajamento entre os membros.
Um dos momentos da reunião foi a apresentação de projetos em andamento nos estados. Felipe Roberto Azevedo Vasconcelos, da Agência Tocantinese de Saneamento (ATS) compartilhou uma iniciativa desenvolvida em uma comunidade quilombola no Tocantins, com soluções completas de saneamento adaptadas à realidade local. Já Leonardo Silva Ferreira, da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), relatou avanços em 15 municípios do interior do Rio de Janeiro, e Norma Dixo, da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), destacou os esforços no Distrito Federal para criar uma comissão voltada à expansão do saneamento rural.
A reunião também foi marcada pela exposição de alternativas inovadoras de financiamento e impacto social. O economista Bruno Pastrana apresentou o Banco de Microcrédito e Impacto Social (BIS), que passou a operar também com recursos públicos, com foco no apoio a agricultores familiares. Na sequência, João Piedrafita, cofundador da Água Camelo, startup de impacto socioambiental, apresentou projetos realizados em parceria com o BIS, voltados ao uso de tecnologia para garantir o acesso à água potável, reforçando o papel da capacitação e da gestão comunitária para a sustentabilidade dessas ações.
Outro ponto relevante foi o debate sobre a precariedade do acesso à água potável nas escolas rurais brasileiras. O tema foi levantado por Antonio Miranda, consultor da Aesbe, que questionou o potencial do microcrédito como ferramenta de transformação nessa realidade. O secretário executivo da Aesbe, Sérgio Gonçalves, destacou que o saneamento básico é peça-chave para garantir dignidade e saúde tanto em escolas quanto em comunidades rurais.
Encerrando a reunião, Altamar Alencar Cardoso, coordenador da CTSR, sugeriu que o próximo encontro presencial da CTSR ocorra em Petrolina (PE), aproveitando a realização do Seminário Internacional Sanear. A proposta inclui a articulação com a Compesa e a busca por patrocínios, reforçando a importância de eventos presenciais para integrar ações e consolidar a rede de cooperação entre as companhias estaduais.
A Câmara Técnica de Saneamento Rural segue como um espaço estratégico dentro da Aesbe, promovendo o intercâmbio de experiências e a construção conjunta de soluções para um dos maiores desafios do setor: levar saneamento de qualidade às populações do campo.