Valor Econômico
23/01/2020

Por Ribamar Oliveira

Economia da União com o pagamento de juros entre 2019 e 2022 foi calculada com base na taxa média paga pelos títulos do Tesouro em 2018, de 9,5% ao ano

A despesa do governo federal com o pagamento dos juros da dívida pública cairá R$ 417,6 bilhões durante os quatro anos do governo Bolsonaro, graças à queda da taxa básica (Selic). A estimativa é do Ministério da Economia e equivale a quase metade da economia que será obtida em dez anos com a reforma da Previdência, aprovada pelo Congresso no ano passado.

Economia com juros será de R$ 417,6 bi

O cálculo é conservador, como observou, em entrevista ao Valor, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. A economia da União com o pagamento de juros entre 2019 e 2022 foi calculada com base na taxa média paga pelos títulos do Tesouro em 2018 – 9,5% ao ano. No ano passado, a taxa média já foi menor, de 7,3% ao ano.

Ocorre que a taxa média continuará em queda, de acordo com as estimativas do mercado captadas pelo Banco Central. Portanto, a economia nos próximos anos poderá ser ainda maior. Por causa do recuo dos juros, principalmente, Waldery Rodrigues assegura que o déficit nominal do setor público – conceito que inclui todas as despesas, inclusive com os juros da dívida – será menor em 2020 do que no ano passado, quando pode ter ficado um pouco abaixo de 6% do PIB. “A nossa meta é reduzir o déficit nominal tanto quanto possível.”

O secretário considera razoável esperar uma queda de 0,5 ponto percentual no déficit nominal por ano. “É possível reduzir só com a queda dos juros”, observou. “A despesa com o pagamento dos juros vai cair, em média, R$ 104,4 bilhões [por ano] no período de quatro anos”.

As projeções oficiais, revelou Waldery, indicam que a dívida bruta, como proporção do PIB, começará a cair em 2021. Neste ano, ficará “praticamente estável”, em torno de 77% do PIB. A redução da dívida é crucial para que o Brasil volte a receber o selo de bom pagador das há 3 horas agências de classificação de risco, perdido em 2015. Com o grau de investimento, o custo de financiamento do Tesouro e das empresas brasileiras no exterior diminui.