Valor Econômico
06/02/2020

Por Cibelle Bouças

O ano passado foi o primeiro de retração do frete aéreo desde 2012, segundo dados da Iata

O transporte aéreo mundial de cargas apresentou uma queda de 3,3% em 2019, na comparação com o ano anterior. Foi o primeiro ano em que o setor apresentou retração desde 2012 e é o pior desempenho desde a crise financeira mundial de 2009, quando o frete aéreo global sofreu uma queda de 9,7%. Os números são da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). A entidade reúne as 290 maiores empresas de aviação do mundo, que juntas respondem por 82% do tráfego aéreo mundial.

A capacidade de carga, medida em quilômetros por tonelada de frete disponível (AFTK, na sigla em inglês), aumentou 2,1% no ano passado. Com isso, o nível médio de ocupação nos voos caiu 2,6 pontos percentuais, para 46,7%.

Em dezembro, o transporte aéreo de cargas registrou redução de 2,7% em comparação com o mesmo mês de 2018. A capacidade de carga subiu 2,8%. O nível de ocupação encolheu 2,7 pontos percentuais, para 46,7%.

De acordo com a Iata, o desempenho do segmento em 2019 foi prejudicado pelo fraco crescimento do comércio global, de apenas 0,9%. A desaceleração do crescimento de economias intensivas em manufatura também contribuiu para o quadro de queda no transporte aéreo de cargas.

A Iata vê sinais de que a demanda por frete aéreo pode aumentar em 2020, mas considera cedo fazer uma previsão, porque ainda não é possível estimar qual será o real impacto do surto de coronavírus no mundo ao longo do tempo.

“Estamos em território desconhecido em relação ao impacto eventual do coronavírus na economia global. Todas as restrições em vigor certamente são um empecilho para o crescimento econômico. E, com certeza, 2020 será outro ano desafiador para os negócios de frete aéreo de carga”, disse Alexandre de Juniac, presidente da Iata, em comunicado.

Entre as regiões, apenas a África apresentou crescimento no frete aéreo, de 7,4%, no passado. Na América Latina, houve retração de 0,4%. De acordo com a associação, o desempenho foi afetado por instabilidades políticas e dificuldades econômicas em vários países latinoamericanos. A maior queda foi na Ásia Pacífico, que teve retração de 5,7% na demanda por frete aéreo. No Oriente Médio, o recuo foi de 4,8%. Europa e América do Norte apresentaram retrações de 1,8% e 1,5%, respectivamente.