Século Diário
24/11/2020

Por Vitor Taveira

Bacia de Evapotranspiração e Círculo de Bananeiras são tecnologias pensadas para casa no Jaburu 

Um projeto social quer implantar, em área urbana, um sistema de saneamento ecológico. Além disso, pretende socializar a instalação das tecnologias de bacia de evapotranspiração (BET) e círculo de bananeiras por meio de uma oficina que será oferecida para quem contribuir na arrecadação de recursos para realizar a construção destas estruturas numa residência localizada no morro do Jaburu, em Vitória. Uma campanha de financiamento coletivo pretende arrecadar R$ 3 mil necessários para instalar as tecnologias e promover o curso.

A iniciativa visa oferecer uma alternativa para a residência de Vanessa Pires, que mora com cinco filhos numa casa de dois quartos, sem rede de esgoto instalada. A organização não-governamental Onze8, que atua realizando assistência técnica para habitações de interesse social (ATHIS), realiza diversas reformas para melhorar as condições desta e outras residências em parceria com o Ateliê de Ideias em bairros do chamado Território do Bem, que reúne nove comunidades de Vitória.

Entre os diversos problemas estruturais, o despejo de esgoto a céu aberto coloca em risco as pessoas que ali habitam. Porém, em parceria com o projeto Compostagem da Vila, a Onze8 pensou numa solução mais ecológica que a rede convencional, muito distante e custosa para instalação, valendo-se de tecnologias viáveis que são mais usadas no campo, mas podem também ser adaptadas à cidade, havendo disponibilidade suficiente de espaço para implementação.

A BET associado ao círculo de bananeiras, permite o tratamento das chamadas águas negras, dos sanitários e das águas cinzas, de pias e chuveiros, utilizando pneus, entulho e bananeiras para tratar os dejetos de forma anaeróbicas, que elimina os elementos patógenos, que podem causar doenças. As bananeiras e também taiobas ajudam a absorver os nutrientes dos resíduos e evaporam os líquidos por suas folhas. E ainda geram alimentos que podem ser consumidos pelas famílias.

“O sistema BET é amplamente utilizado em ecovilas e locais em que se praticam tecnologias sustentáveis. No entanto, exige um custo para aquisição de blocos de concreto, vergalhões, cimento, areia e brita, para o transporte de entulho e pneus, e para a mão de obra na escavação e execução. Além disso, a realização da oficina, que foca em atrair os moradores da comunidade, exigirá custos com lanches, divulgação e transporte”, informa o grupo responsável.

A proposta é de que quem contribua com uma quantia de R$ 50 ou mais ganhe a inscrição no curso prático ministrado por Gabriel Jardim de Rian Soares, realizado durante a construção e implementação das tecnologias na residência. A previsão do curso é para ocorrer no dia 20 de dezembro. Arquiteto e urbanista, Gabriel explica que, se usado de forma adequada, o sistema de BET tem maior durabilidade que as fossas sépticas, que são menos ecológicas para o meio ambiente e mais perigosas para a saúde humana.

Ele acredita que o primeiro projeto pode servir de modelo e inspiração para novas iniciativas e ressalta a importância de pensar de trazer tecnologias ligadas à permacultura para as periferias, com objetivo de oferecer alternativas que sejam ao mesmo tempo ecológicas e acessíveis.