Valor Econômico
16/03/2020

Por Felipe Frisch

Economistas também projetam inflação menor em 2021, na primeira revisão para baixo desde que foi definida meta para o ano

A mediana das projeções do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 voltou a cair, desta vez com maior intensidade ainda, de 1,99% para 1,68%, no Relatório Focus, do Banco Central (BC), divulgado hoje com estimativas coletadas até o fim da semana passada.

O corte reflete as mudanças nas expectativas anunciados por instituições financeiras nas últimas semanas, após o aumento dos receios quanto aos efeitos da epidemia de coronavírus na economia mundial e no Brasil — com o aumento exponencial de casos sendo confirmados no país —, seguindo a decepção com o PIB de 2019, especialmente na indústria e nos investimentos, tornando menos provável a recuperação da atividade econômica neste ano.

Para 2021, o ponto-médio das expectativas permaneceu inalterado em 2,50%, mesmo percentual praticamente desde que o Banco Central começou a coletar as estimativas dos economistas para o período, em março de 2017.

Inflação

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2020 voltou a cair, de 3,20% para 3,10%, segundo o Focus divulgado hoje.

Para 2021, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também recuou, de 3,75% para 3,65%, a primeira alteração praticamente desde que foi definida a meta de inflação para o ano, no segundo semestre de 2018.

Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial caiu, de 3,16% para 3,01% em 2020, e de 3,73% para 3,62% em 2021.

Para os 12 meses seguintes, a pesquisa também indicou forte queda, de 3,66% para 3,49%, no IPCA acumulado.

A meta de inflação a ser perseguida pelo BC é de 4,00% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% para 2022, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Juros

A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2020 caiu de 4,25% para 3,75% entre os economistas do mercado, segundo o Focus.

Entre os Top 5 de médio prazo, o ponto-médio para a Selic no fim deste ano também caiu, de 3,50% para 3,38% — possivelmente devido a uma divisão das estimativas entre os dois extremos próximos de 3,25% e 3,50%, resultando num ponto-médio de 3,375% (3,38%).

Para 2021, a projeção para a Selic também recuou — pela terceira semana seguida —, de 5,50% para 5,25% entre os economistas em geral, e permaneceu em 5,00% entre os campeões de acertos.