Valor Econômico
11/02/2020

Por Marcelle Gutierrez e Ana Carolina Neira

Índice P/L do Ibovespa está acima da média histórica, mas gestores ponderam que preços altos estão concentrados em alguns papéis e setores

Impulsionados pela queda da taxa de juros, os preços das ações de empresas brasileiras negociadas na bolsa de valores estão neste momento no maior nível da história. Dados obtidos pelo Valor com especialistas de mercado mostram que a relação média entre preço e lucro das companhias que integram o Ibovespa – um dos principais termômetros para estimar se o valor de um papel é alto ou baixo – está próximo de 14 vezes, acima da média histórica, de 11 a 12 vezes.

Quando se consideram somente as companhias que atuam no mercado doméstico, excluídos os bancos, a relação preço/lucro chega a 23,81 vezes. Os papéis mais valorizados são os das empresas que atuam no varejo, reflexo da confiança dos investidores na aceleração do crescimento da economia.

Se a forte alta do Ibovespa em 2019 colocou as ações ligadas à atividade doméstica em níveis de preço inéditos, as ações dos bancos e das empresas ligadas a commodities podem estar operando abaixo do seu potencial.

No caso das instituições financeiras listadas na B3, a relação preço/lucro está em 9,76 vezes, muito abaixo da média histórica do setor, o que decorre, em boa medida, da entrada de novos atores no mercado, como as chamadas “fintechs”. Isso mostra que há oportunidades de investimento nessa área, que sempre foi uma das mais lucrativas no país.

No setor de commodities, o mais dinâmico da economia brasileira, a situação também se distingue da média do Ibovespa. No último dia 6, a relação entre preço e lucro estava em 10,23 vezes. Mineração e o segmento de proteínas animais estão entre as oportunidades que começam a entrar no radar, segundo Marcelo Nantes, superintendente da Bram, gestora de recursos do Bradesco.