A universalização do tratamento de esgoto no Brasil depende de investimentos

Já parou para pensar no que acontece com a água depois que ela desce pelos canos da sua residência? O esgoto passa por um extenso processo de tratamento até chegar no ponto de reuso. Em moradias, a água, após ser utilizada, passa por encanamentos internos e cai em caixas de concreto ou inspeção. Depois, segue até as ruas onde se encontram as redes coletoras. E, então, atinge tubulações conhecidas como coletores-tronco e interceptores, que transportam o esgoto até uma estação para que passe por um processo de tratamento e retirada de poluentes.

Você deve estar se perguntando como funciona esse processo. No início do tratamento, há um gradeamento para retirar o lixo e os resíduos mais pesados. Depois, a areia é removida e os esgotos vão para os decantadores primários. A parte mais densa vai para o fundo, formando o lodo. A parte líquida recebe injeção de ar e segue para os decantadores secundários, já sem 90% das impurezas. A água resultante não é própria para beber, mas pode ser devolvida aos rios ou utilizada na limpeza de ruas ou em processos industriais. Já a parte sólida, o lodo, segue para os digestores, sendo transformado em placas que são encaminhadas aos aterros sanitários.

Como pode-se observar, esse processo é dispendioso e complexo. As companhias que integram a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) atuam para que cada vez mais cidades realizem o tratamento adequado dos seus esgotos. Atualmente, as companhias estaduais são responsáveis por 60% do tratamento das cidades, alcançando 105 milhões de brasileiros. Ainda há muito a ser feito, mas os números mostram que com investimentos e boa administração as empresas estaduais podem ampliar o acesso a serviços de saneamento de qualidade.

Historicamente, os números de esgoto são piores que os de água no país, em decorrência especialmente da sua falta de prioridade nas políticas públicas, do seu elevado custo de investimento e das dificuldades nas suas obras, entre outros motivos. Dentre eles, a diminuição nos investimentos públicos é o principal para explicar os avanços pouco significativos no setor. Segundo reportagem do Portal G1, de 2015 para 2016, os investimentos em água e esgoto no Brasil caíram de R$ 13,26 bilhões para R$ 11,51 bilhões. Já entre as maiores cidades, o valor diminuiu de R$ 7,11 bilhões para R$ 6,6 bilhões.

Por isso, a Aesbe defende que é essencial que o Projeto de Lei nº 3.261/2019, o novo Marco Legal do Saneamento, que tramita na Câmara dos Deputados e aguarda aprovação em Plenário, priorize investimentos para o setor e garanta que o trabalho realizado pelas empresas estaduais seja mantido. A Aesbe entende que as empresas estaduais e a iniciativa privada podem trabalhar em conjunto pela universalização do saneamento, por meio de Parcerias Público-Privadas e outros dispositivos já adotados com sucesso por diversas empresas estaduais.

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