O presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), Munir Abud, participou nesta terça-feira (12), do VI Fórum Novo Saneamento, no painel “A visão dos operadores estaduais para o setor de saneamento”. O debate teve como objetivo discutir aprendizados, desafios e perspectivas em projetos de cooperação entre empresas públicas e privadas nos últimos quatro anos.
Além de Munir, também integraram a mesa o diretor de Mercado e Parcerias da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Ricardo Antônio Torres Rodrigues, com moderação de Carlos Nascimento, Professor Honorário Associado da University College London (UCL) e Coordenador Geral do MBA PPP e Concessões da FESPSP.
Entre os temas abordados, o painel trouxe três aprendizados fundamentais das cooperações público-privadas, os projetos atualmente em preparação para serem levados ao mercado, correções de modelos para impulsionar novas parcerias e a relevância da comunicação para o avanço rumo à universalização dos serviços.
Munir Abud apresentou a experiência da Cesan, que desde 2014 atua com o modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para acelerar a universalização, destacando que a estratégia se baseou na ausência de limitação de percentual de delegação nos contratos de PPP. Segundo ele, essa premissa abriu caminho para antecipar investimentos e garantir metas ambiciosas de cobertura.
“Ou privatizávamos parte da companhia ou buscávamos antecipar investimentos por meio de parcerias com a iniciativa privada. Optamos pelo segundo caminho, confiando na capacidade técnica da empresa e no que o setor privado tem de melhor para oferecer. Realizamos um grande leilão de todo o sistema de esgotamento sanitário do Espírito Santo, delegando à iniciativa privada a operação, com a garantia da universalização na Região Metropolitana até 2026 e, no máximo, até 2027 para o restante do estado”, destacou.
O presidente da Aesbe ressaltou ainda que o modelo adotado cria condições para que futuras gestões tenham flexibilidade para ajustar os contratos de acordo com o crescimento populacional e econômico, sem engessamentos políticos ou administrativos. “Atraímos investimentos, geramos empregos e movimentamos uma nova cadeia industrial no Espírito Santo”, afirmou.
No entanto, Munir chamou atenção para os desafios permanentes do setor, que, mesmo com avanços, sofre com impactos externos, como a reforma tributária. “Sempre que o setor parece pronto para crescer, surgem novos ataques e incertezas que afetam a missão de universalizar o saneamento. Precisamos estar preparados para reagir e adaptar nossas estratégias”, alertou.
O painel encerrou destacando que, para alcançar a universalização, é indispensável investir não apenas em obras e modelos de negócios, mas também em comunicação estratégica — aproximando o setor da sociedade, esclarecendo políticas públicas e fortalecendo o entendimento sobre a importância do saneamento básico como direito fundamental.