Valor Econômico
11/04/2020

Por Lucas Hirata e Arícia Martins

Depois que a fase mais aguda da crise passar, o governo terá condições para planejar a saída do processo de lockdown e a retomada da agenda estrutural. “Se ela era importante antes da crise, depois da crise será ainda mais importante. A gente não vai poder falhar a agenda de reforma estrutural e muito menos na questão de concessão e privatização”, disse.

Ele afirmou, inclusive, que será necessário um grande esforço para chegar a um consenso em torno de uma reforma tributária muito mais rápida. “A gente não vai poder esperar tanto por uma reforma tributária tão longa”, disse durante live organizada pela Genial Investimento. “Do ponto de vista de reformas, vamos ter de ser muito mais ousados”, acrescentou.

Ele explicou que o compromisso com a agenda de reformas será ainda mais importante para evitar um aumento de impostos na retomada. Para este ano de 2020, ele disse que é difícil prever o que pode ser aprovado, mas indicou que algumas medidas podem ser relativamente fáceis de avançarem já que não tem tanta oposição.

A independência do Banco Central é uma delas, assim como o novo marco regulatório de saneamento. “É algo que a gente consegue aprovar este ano. Avançar na agenda de abertura comercial, apesar do mundo que entrou na fase de tanto conflito e protecionismo, também é algo conseguimos avançar”, disse.

“Reforma tributária é uma incógnita porque envolve muitos interesses diferentes, inclusive de Estados, municípios e governo federal. A gente precisa de uma unificação muito maior par ver o escopo da reforma tributária”, disse. Ainda assim, ele acredita que alguma coisa será aprovada, embora não se saiba se neste ano ou no próximo.

Sobre uma outra iniciativa que não tem avançado, a privatização da Eletrobras, ele se mostrou mais otimista sobre a venda da estatal de energia ao setor privado, mas disse que é difícil falar no momento se ainda há chance de o processo acontecer este ano ou não, mas que o governo pode avançar e deixar todo o processo “redondo”.

“Há dois meses tinha uma lista enorme de ofertas públicas de ações registradas em vários bancos e agora tudo parou. Isso é exemplo de que o governo precisa avançar na modelagem”, disse Mansueto.

“Algo que me deixa mais otimista é que há três ou quatro meses, eu via a privatização da Eletrobras mais distante, mas nos últimos meses se discutiu pontos que atrapalhavam o projeto e avançamos na modelagem e nas propostas”, afirmou o secretário. “Eu acho que, independentemente da crise, é uma boa oportunidade para que o projeto de privatização fique pronto para isso sair no momento adequado”.

Segundo Mansueto, já importante antes da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a agenda de reformas estruturais ganhará ainda mais relevância quando a economia brasileira já tiver atravessado o choque negativo. Nesse contexto, disse, a agenda de concessões e privatizações precisa andar. “O Brasil não se pode dar ao luxo de atrasar essa agenda”