O primeiro dia do Seminário Nacional Universalizar – Aesbe 41 anos abriu as discussões em Brasília (DF) com debates centrados no financiamento do saneamento diante dos novos desafios climáticas e dos desdobramentos da COP30. Com o tema “Universalizar com Justiça Climática – O Brasil pós-COP30”, o evento reuniu autoridades, especialistas e representantes das companhias associadas. Organizado pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), que celebra 41 anos de atuação, o seminário reforça sua relevância como ponto de convergência estratégica do setor. O evento segue até o dia 4 de dezembro, clique aqui e acesse as fotos.
A abertura contou com a presença de lideranças do governo federal e de instituições fundamentais para o avanço da agenda de saneamento. Presidente da Aesbe e da Cesan, Munir Abud destacou que o saneamento passou a ter papel decisivo nas políticas de adaptação climática, afirmando que o encontro representa um espaço crucial para aprofundar debates e alinhar ações diante de um futuro que demandará respostas rápidas e estruturadas. “Este é um momento para discutir temas essenciais, alinhar estratégias e reforçar a responsabilidade coletiva. As mudanças climáticas colocam novos desafios e o saneamento é protagonista nas soluções. Este encontro nos permite olhar para o que está por vir com mais clareza e mais união”, disse.
Na sequência, o presidente da Funasa, Alexandre Motta, reforçou que o evento simboliza ao mesmo tempo o encerramento das discussões setoriais de 2025 e o início da preparação para 2026, enfatizando que o setor entra em um período determinante para consolidar avanços e enfrentar desafios. “Este evento não é só o último do ano, ele é também o primeiro para 2026. É um momento único para fazermos uma profunda reflexão sobre tudo o que enfrentamos em 2025, mas, principalmente, sobre o que podemos e precisamos fazer para 2026. Este encontro é central para pensarmos criticamente o passado recente e planejarmos o futuro com responsabilidade e ousadia”, afirmou.
O vice-presidente nacional da Aesbe e presidente da Caema, Marcos Aurélio Alves Freitas, ressaltou que a troca de experiências e a construção conjunta de soluções são pilares fundamentais da missão do setor. “Este é um momento de debates, de aprendizados e, sobretudo, de fortalecimento da nossa entidade. Cada um de nós deve sair daqui mais fortalecido. Sem a presença de cada companhia, este seminário não seria possível. Tenho certeza de que todos levarão importantes lições para seus espaços de trabalho e que continuaremos avançando rumo à universalização do saneamento em todo o país”, destacou.
A presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Veronica Sanchez, trouxe uma reflexão ampla sobre os desafios ampliados pela legislação recente e pelo conceito de universalização. Ao abordar a complexidade de atender comunidades isoladas, núcleos urbanos desordenados e áreas rurais, ela enfatizou a necessidade de políticas de subsídio e de inteligência na alocação de recursos públicos. “Com o novo marco regulatório e o conceito expandido de universalização, surgem desafios gigantes: como chegar às comunidades, às áreas rurais, às regiões vulneráveis, garantindo tarifas e modelos que respeitem a realidade de cada território? Isso exige anos de construção coletiva. Ver esta composição reunida aqui mostra que estamos caminhando na mesma direção para que o Brasil chegue a 2033 com a maior parte da população atendida”, apontou.
Representando o Ministério das Cidades, o secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Leonardo Picciani, reforçou o papel histórico da Aesbe na construção das políticas públicas do setor. Ele destacou que o país vive um momento decisivo, em que as metas de universalização se aproximam e exigem colaboração permanente. “Para que haja sucesso nesse processo, é indispensável discutir experiências, aperfeiçoar mecanismos, encontrar caminhos e inovar. A Aesbe tem sido uma grande parceira desde o início desta gestão. Com divergências e convergências, sempre somou. Ao longo dos 41 anos da entidade, praticamente tudo o que foi construído no saneamento brasileiro teve participação das companhias que a compõem”, afirmou.
Após as falas de abertura, o evento seguiu com o diálogo “COP30 e a Casa do Saneamento”, conduzido por Munir Abud com participação de Alexandre Motta. O bate-papo abriu espaço para reflexões sobre a necessidade de alinhar planejamento institucional e metas climáticas, evidenciando a conexão entre saneamento, adaptação e resiliência.
Na sequência, o Painel 1, moderado por Luiz Cavalcante Peixoto Neto, abordou financiamento climático e infraestrutura verde no pós-COP30. Representantes da AFD, KfW, Houer e BNDES discutiram oportunidades de crédito sustentável, modelos de financiamento e exigências de projetos alinhados às metas ambientais.
O Painel 2, com moderação de Gildeone Almeida, trouxe o Ministério das Cidades e a Caixa para discutir o papel do governo e dos bancos públicos na viabilização da universalização, destacando a necessidade de estabilidade regulatória e eficiência na aplicação dos recursos.
À tarde, o painel exclusivo da Funasa reuniu diferentes instituições e atores do setor para discutir os caminhos estratégicos para 2026 e além. A mesa destacou a necessidade de integração entre o governo federal, operadores, comitês de bacia, autarquias e setor privado para garantir que a expansão da infraestrutura chegue, sobretudo, aos pequenos municípios e áreas vulneráveis.
Encerrando o primeiro dia, o Momento Sustentabilidade – Infometter apresentou soluções para controle de perdas e o uso do Sinisa, reforçando a importância da digitalização e da análise de dados para operadores que buscam maior eficiência operacional.
O Seminário Universalizar – Aesbe 41 anos também conta com uma ampla rede de parceiros institucionais e patrocinadores. Recebe apoio institucional da ANA, mídia oficial da Rede Band Brasília, patrocínio master da Cedae, Cesan e Embasa, e patrocínio exclusivo da Funasa para seu painel. Na categoria ouro estão Aquamec, Caesb, Cagece, Caixa, Enorsul, Sanepar e Unipar. Os patrocinadores bronze incluem Abratt, Acciona, Bauminas, CDG Engenharia, Fimm Brasil, GS Inima, Houer, Passareli, Quanta Consultoria, Tellar, Utilitas e Vernalha Pereira. A Aegea e a Infometter assinam o patrocínio de sustentabilidade, enquanto Abrasan, Barbosa Lima Cruz & Nery Advogados, Éffico Saneamento, FESPSP, Fundace, Hagaplan e Zest Tecnologia compõem o grupo de apoio.
Responsabilidade Socioambiental
A Aesbe reafirma seu compromisso com a sustentabilidade ao implementar ações concretas durante o evento. O Selo Evento Neutro garantirá que todas as emissões de carbono geradas sejam quantificadas e compensadas por meio de ações ambientais, como o plantio de árvores. Além disso, o programa Sou Resíduo Zero promoverá a gestão inteligente dos resíduos, com triagem, separação para reciclagem e reutilização, contribuindo para a redução de resíduos enviados a aterros sanitários e o incentivo à economia circular. O programa não apenas reduz a quantidade de resíduos enviados para os aterros sanitários, limitando as emissões de gases de efeito estufa, mas também gera emprego e renda para cooperativas de catadores, reincorporando os materiais recicláveis na cadeia produtiva. Este sistema vai além da reciclagem e reutilização, reestruturando os sistemas de produção e distribuição para reduzir o desperdício.

