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15/06/2021
Por Gabriel Chiappini
Quase um ano após a aprovação do marco legal do saneamento básico, que flexibilizou a entrada de agentes privados na operação de serviços de água e esgoto no Brasil, empresários defendem a participação do estado em investimentos para alcance da meta de universalização do saneamento até 2033 – como determina a lei.
“O governo federal não pode se eximir de por dinheiro no saneamento”, observa Benedito Braga, CEO da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A companhia é metade estatal e metade privada.
Braga participou de webinar promovido pela FGV com representantes de empresas do setor de saneamento nesta segunda (14).
O marco regulatório, aprovado em julho do ano passado, foi uma aposta do governo federal para retomada da economia e atração de investimentos privados em infraestrutura.
Hoje, o país tem 35 milhões de pessoas sem acesso a água tratada e mais de cem milhões excluídos dos serviços de coleta de esgoto. A nova lei determina que até 2033 esses serviços cheguem a 99% e 90% da população, respectivamente.
Para isso, seriam necessários mais de R$ 700 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos, calcula o Ministério da Economia.
“Não adianta vir com essa conversa de que agora o setor privado chegou e é o salvador da pátria, porque não vai ter tanto dinheiro assim, e tanto interesse privado”, alerta Braga.
Segundo o executivo, o maior desafio é a questão de sustentabilidade financeira, uma vez que esses projetos necessitam de grandes investimentos e muitos dos mais de 5.500 municípios brasileiros não oferecem um lucro atrativo às empresas privadas.
“O setor privado tem que ter lucro e muitas vezes não vai estar interessado em pegar todos esses pequenos municípios (…) Não adianta só o governo federal dizer que precisa de R$ 700 bilhões, mas quem vai colocar esse dinheiro é o setor privado. Isso não vai acontecer”, explica o CEO da Sabesp.