Valor Econômico

13/07/2021

Por Taís Hirata, Valor — São Paulo

O governo estadual enviou na segunda (12) à Assembleia Legislativa do Estado o projeto de lei que autoriza a privatização da estatal

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) planeja lançar sua oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês) no início de 2022, segundo o presidente da empresa, Roberto Barbuti. O governo estadual enviou na segunda-feira (12) à Assembleia Legislativa do Estado o projeto de lei que autoriza a privatização da estatal.

Ainda não está definida a participação do Estado ao fim do processo, mas o objetivo é que o governo perca controle da empresa, que deixará de ser estatal. O governador Eduardo Leite (PSDB) vem falando em uma fatia de 30%, mas a porcentagem correta ainda não foi cravada. A oferta primária deverá injetar ao menos R$ 1 bilhão na companhia, afirma o executivo.

“Pode ser um valor maior, mas dificilmente será menos que isso. A previsão da arrecadação com a [oferta] secundária ainda será definida, mas trata-se de um processo com natureza menos arrecadatória. O ‘driver’ principal do processo é trazer o serviço de saneamento a outro patamar”, diz Barbuti.

Antes de fechar a oferta, a companhia ainda terá que concluir um importante processo: a renegociação de seus contratos com os 317 municípios atendidos. A ideia é estender o prazo de todos os contratos até 2062, para ampliar o valor da empresa. Hoje, a duração média ponderada do portfólio é de 26 anos.

A nova lei do saneamento barrou a prorrogação de contratos das estatais com as prefeituras, mas abriu uma exceção no caso de privatizações. Portanto, a Corsan está liberada para renovar os acordos. Esse processo deverá durar cerca de três meses.

No projeto de lei enviado à Assembleia, foi incluído um mecanismo de incentivo para que as prefeituras concordem com a renovação: aquelas que aderirem dentro de 90 dias, receberão uma participação acionária na Corsan.

A Corsan vem se preparando desde o ano passado para o IPO, segundo Barbuti. “Desde julho de 2020, quando foi aprovada a nova lei do saneamento, recebemos essa diretriz para preparar a empresa e aumentar a eficiência. Em março, quando houve a votação dos vetos da lei, o governo comunicou a intenção”, diz.

A companhia vem passando por revisões internas. Atualmente, há consultorias contratadas para avaliar o plano de investimentos da empresa para os próximos anos, para reformular a gestão, dando mais eficiência, e para dimensionar os passivos judiciais, que ainda não foram lançados nos balanços da companhia. A expectativa para o processo é positiva, segundo o presidente. Ele diz que a Corsan já foi procurada por investidores com interesse em adquirir posições mais relevantes no capital da empresa.