Valor Econômico
14/05/2020

Por Fernando Lopes

Índice calculado por Fiesp e OCB desabou no primeiro trimestre deste ano 

A euforia deu lugar à depressão, e após atingir o maior patamar da série histórica no fim de 2019, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) desabou no primeiro trimestre deste ano.

Segundo pesquisa divulgada ontem, o indicador caiu para 100,4 pontos, 23,4 pontos a menos que entre outubro e dezembro do ano passado. A escala do IC Agro vai de zero a 200, e 100 é o ponto neutro. O resultado é dimensionado a partir de 1,5 mil entrevistas (645 válidas) com agricultores e pecuaristas de todo o país. Cerca de 50 indústrias também são ouvidas.

Alguém pode ponderar, portanto, que o resultado registrado ainda ficou acima do ponto neutro, o que é positivo. Mas em março a pandemia da covid-19 apenas começava a mostrar os dentes no país, e desde então o pessimismo só faz crescer, por mais que algumas cadeias exportadoras estejam em melhor situação por causa da forte valorização do dólar em relação ao real.

“A perda de confiança foi influenciada, principalmente, pela piora na percepção em relação à economia brasileira. Desde o início da pandemia, as projeções passaram de um crescimento moderado para uma grave recessão. Além disso, o quadro atual aumenta a apreensão em relação à disposição do Congresso em dar seguimento aos esforços para levar adiante a necessária agenda de reformas econômicas”, informaram Fiesp e OCB, em comunicado.

Segundo a pesquisa, o índice que mede especificamente a confiança dos produtores agropecuários caiu 12,3 pontos em relação ao quarto trimestre de 2019 e ficou em 113,8 pontos de janeiro a março deste ano. Entre as agroindústrias, a confiança derreteu e o pessimismo passou a dominar. O indicador que inclui as empresas que atuam antes e depois da porteira ficou em 90,6 pontos no primeiro trimestre, 31,5 pontos a menos que no fim do ano passado e menos patamar em três anos e meio.