Valor Econômico
31/07/2020

Por Roberto Rockmann

Entre as estratégias está investir em microgeração distribuída solar e em projetos que aproveitem o biogás das estações de tratamento

A energia elétrica é um dos três principais custos operacionais das empresas que operam no setor de saneamento. Investir em microgeração distribuída solar, estudar projetos que aproveitem o biogás (um subproduto do tratamento de dejetos) e reduzir a área de construção de futuras estações de tratamento de esgoto com tecnologia mais eficiente são algumas das estratégias usadas pelas concessionárias de água e esgoto.

A Sabesp está investindo na instalação de usinas solares. A concessionária pretende instalar 34 usinas com 67 MWp de potência instalada em áreas operacionais nas estações de tratamento de esgoto. O total corresponde a 4,5% de toda a energia consumida na Sabesp ou o consumo de 65.200 residências. A expectativa é iniciar a produção já no segundo semestre.

A Sabesp recentemente firmou acordo com a cidade de Diadema para a prestação de serviços de tratamento e destinação final do lixo no município por 40 anos. É o primeiro contrato firmado para a disposição adequada dos resíduos sólidos. Com a parceria, o lixo, em vez de ser levado para os aterros, terá como destino uma planta industrial de tratamento de resíduos para produção de combustível. Este poderá ser comercializado para abastecimento de fornos industriais ou ser destinado à geração de energia elétrica.

Neste caso, a capacidade de geração é de até 140 GWh/ano, suficientes para atender uma cidade 270 mil habitantes. A previsão é que o projeto entre em operação a partir de dezembro de 2022. O acordo prevê também que a cobrança da taxa do lixo do município mantenha o seu valor atual, sendo transferida da cobrança do IPTU para a conta de água e esgoto emitida pela Sabesp. Com essa receita, a concessionária poderá contratar um operador para fazer a disposição dos rejeitos e a comercialização da energia.

Numa estação de tratamento em Ribeirão Preto, a GS Inima aproveita sete mil metros cúbicos diários de biogás para produzir 15 mil KWh por dia de energia elétrica, cerca de 50% do consumo da planta. Em Mogi Mirim, foi instalado sistema solar que responde por 35% do consumo da unidade, conta o presidente da empresa, Paulo Roberto de Oliveira.

A concessionária estuda a participação em um projeto de dessalinização da água do mar para abastecer a região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, um projeto que poderá envolver mais de R$ 450 milhões em investimentos.

Em 2019, a BRK Ambiental começou a identificar projetos de geração distribuída solar para suas concessões, e optou pelo Maranhão para iniciar a inovação. Foi assinado um acordo com uma empresa do setor para a construção de duas plantas, cuja potência somada é de 5 MWp. Com o novo sistema operacional adotado, as usinas vão gerar 55% do volume de energia consumida nas operações no Maranhão, suficiente para atender cerca de 15 mil pessoas. A Athon vai investir R$ 25 milhões para a construção dessas plantas de geração distribuída.

Em julho, foi anunciado o início das operações da usina de energia solar de Timon, no Maranhão, com capacidade de produzir cerca de 4.000 MWh/ano de energia limpa para as operações das unidades de baixa tensão de água e esgotamento das cidades de Paço do Luminar e São José do Ribamar. Ao ser concluído, o projeto vai contar com duas usinas solares, instaladas nas cidades de Timon e Matões, e vai garantir a geração de 10 mil MWh/ano.