Valor Econômico
30/04/2021

Por Taís Hirata e Rodrigo Carro

Aegea arremata Blocos 1 e 4, Iguá leva Bloco 2 e o terceiro acaba sem interessados; disputa termina com investimentos contratados de R$ 27,1 bilhões

O leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) terminou com uma arrecadação total de R$ 22,7 bilhões em outorgas e investimentos contratados de R$ 27,1 bilhões. A concorrência teve sucesso parcial, já que, dos quatro blocos ofertados, um deles não teve interessados.

O valor da outorga será destinado ao Estado do Rio (80%), à prefeitura do Rio (15%) e ao fundo metropolitano (5%).

A Aegea Saneamento foi a principal vencedora, e ficou com os lotes 1 (Zona Sul da capital e outras 18 cidades) e o lote 4 (Centro e Zona Norte da capital, além de oito cidades do Estado. A companhia tem como acionistas o grupo Equipav (70,72%), o fundo de Cingapura GIC (19,08%) e a recém-entrada Itaúsa (10,2%), que anunciou um aporte na empresa nesta semana.

O consórcio liderado pela empresa se comprometeu a pagar outorgas de R$ 15,4 bilhões, nos dois blocos adquiridos, que também demandarão investimentos de R$ 24,3 bilhões ao longo do contrato de 35 anos.

O consórcio da Iguá Saneamento, que incluiu a Sabesp com fatia minoritária, ficou com o Bloco 2, que abarca a Barra da Tijuca, Jacarepaguá e as cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes. A empresa ofereceu uma outorga de R$ 7,3 bilhões pelo contrato, e terá que fazer investimentos de R$ 2,8 bilhões.

Já o leilão do Bloco 3, que contempla a Zona Oeste do Rio e outras seis cidades, fracassou. A Aegea havia entregado proposta, mas retirou sua oferta após a conquista dos outros dois contratos — em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (30), o secretário de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro, Nicola Miccione,informou que o Bloco 3 será relicitado.

O projeto da Cedae vem sendo estruturado pelo BNDES há quase quatro anos e sofreu uma série de resistências e embates judiciais. O banco de fomento foi assessorado pelo Banco Fator, pelo escritório Vernalha Pereira Advogados e pela Concremat.

Bloco 1

 O consórcio Aegea ofereceu uma outorga de R$ 8,2 bilhões pelo Bloco1, que representa ágio de 103,13%. O bloco, considerado um dos mais atrativos entre os quatro licitados hoje, inclui a Zona Sul da capital e outras 18 cidades.

Estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 8,3 bilhões para a universalização dos serviços, que terá que ser concretizada em um prazo de 12 anos. O contrato tem duração de 35 anos.

O grupo venceu o Bloco 1 após disputa acirrada por lances a viva-voz, na qual teve que elevar consideravelmente sua oferta inicial de R$ 5,97 bilhões.

Nessa etapa, participaram outros dois grupos, que também aumentaram bastante suas propostas. O consórcio Redentor (Equatorial), que chegou a uma proposta de R$ 8 bilhões (ágio de 98,17%), também aumentou muito sua oferta inicial de R$ 6,43 bilhões. O consórcio Iguá encerrou com oferta de R$ 8,1 bilhões (ágio de 100,65%), sendo que seu lance inicial foi de R$ 7,2 bilhões.

O consórcio Rio Mais Operações de Saneamento (BRK e Águas do Brasil) também chegou a apresentar oferta de R$ 4,156 bilhões pelo Bloco 1, um ágio de 2,95%. Como o valor ficou mais distante da primeira colocada inicialmente, o grupo não se credenciou para a disputa por viva voz.

Bloco 2

Em outra etapa, o consórcio encabeçado pela Iguá Saneamento venceu a disputa pelo Bloco 2. O grupo ofereceu uma outorga de R$ 7,286 bilhões, que representa ágio de 129,68%. O bloco, considerado também um dos mais atrativos entre os quatro licitados hoje, inclui a Barra da Tijuca, Jacarepaguá e as cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes.

Estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 2,8 bilhões para a universalização dos serviços.

Além do grupo, participaram da disputa os consórcios Rio Mais Operações (BRK Ambiental), que deu oferta de R$ 4,758 bilhões, e o Redentor, que propôs R$ 4,511 bilhões. O quarto participante, Consórcio Aegea, retirou a proposta feita pelo Bloco 2 depois de levar o Bloco 1.

Bloco 4

O consórcio Aegea também venceu a disputa pelo Bloco 4, com lance de R$ 7,2 bilhões, ágio de 187,75%.

O bloco, que inclui Centro e Zona Norte da capital, além de oito cidades do Estado, vinha sendo apontado como mais desafiador, em relação aos Blocos 1 e 2, mas foi alvo de bastante competição.

O grupo levou o contrato após intensa disputa por viva-voz, no qual elevou sua proposta inicial de R$ 5,4 bilhões. A companhia derrotou o consórcio Redentor (Equatorial), terminando com uma oferta de R$ 7,1 bilhões (ágio de 183,75%).

O consórcio Rio Mais Operações (BRK+Águas do Brasil) também fez proposta, de R$ 3,9 bilhões (ágio de 56,12%), mas, novamente, não chegou a se credenciar à disputa por viva-voz.

No Bloco 4, estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 16 bilhões para a universalização dos serviços.

Bloco 3

O consórcio Aegea, único grupo que chegou a apresentar proposta pelo Bloco 3, decidiu retirar sua oferta. Com isso, o bloco terminou sem interessados.

O bloco 3, que contempla a Zona Oeste da capital e mais seis municípios, era visto como o mais desafiador entre os quatro lotes licitados.

O consórcio formado por BRK e Águas do Brasil vinha sendo apontado como possível interessado, por já ter operação na região, mas decidiu não fazer proposta.

Já a Aegea retirou sua proposta. Pela regra do edital, quem vencesse a disputa por um dos blocos teria a opção de retirar suas propostas nos blocos subsequentes. Como o grupo já conquistou os Blocos 1 e 4, decidiu não ficar com o Bloco 3.

Ao todo, eram previstos investimentos de aproximadamente R$ 2,6 bilhões para a universalização dos serviços.