A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) realizou, nesta quarta-feira (17), uma reunião conjunta da Câmara Técnica de Desenvolvimento Operacional (CTDO), da Câmara Técnica de Projetos e Obras (CTPO), da Câmara Técnica de Inovação (CTI) e da Câmara Técnica Comercial (CTC). O encontro, realizado de forma online, teve como pauta a apresentação da primeira atividade do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a Aesbe e a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (Aladyr), voltado ao mapeamento de oportunidades para o reúso de água no Brasil.
O diretor executivo da Aesbe, Sérgio Gonçalves, abriu o encontro ressaltando a relevância da iniciativa e destacou que o ACT, assinado em agosto, não envolve repasses financeiros, mas sim a troca de conhecimento e a promoção de soluções conjuntas para o setor de saneamento. Segundo ele, o objetivo é ampliar a atuação das empresas associadas e desenvolver novos negócios, sobretudo voltados à segurança hídrica.
Representando a Aladyr, Eduardo Pedroza apresentou a entidade, que atua desde 2010 na América Latina promovendo soluções de dessalinização e reúso de água. Ele destacou o potencial brasileiro nesse campo, citando exemplos já em andamento, como a iniciativa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), no Ceará, e um projeto de reúso em parceria com a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), no Espírito Santo.
Pedroza enfatizou que o país enfrenta uma projeção preocupante: a redução de até 40% na disponibilidade hídrica dos rios devido às mudanças climáticas. Nesse cenário, o reúso se apresenta não apenas como alternativa estratégica para a indústria, mas também como medida essencial para aliviar a pressão sobre os mananciais destinados ao abastecimento humano.
Entre as propostas apresentadas está a conversão de lagoas de tratamento em fontes de água de reúso, além da criação de um mapa de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) do Brasil, identificando aquelas próximas a polos industriais. As informações serão disponibilizadas gratuitamente nos sites da Aesbe e da Aladyr, com o objetivo de fomentar novos projetos.
A iniciativa inclui ainda visitas técnicas, capacitações sobre tecnologias internacionais, análise de aspectos regulatórios e estudo sobre incentivos tributários para estimular a adoção do reúso. “Não existe um modelo único para o Brasil. Cada localidade exige soluções próprias, mas a modernização das plantas pode tornar os projetos financeiramente viáveis”, destacou Pedroza.
Durante a reunião, representantes das câmaras técnicas elogiaram a iniciativa. O conselheiro Altamar Alencar Cardoso ressaltou a importância do tema para cidades do semiárido, como Campina Grande (PB), que enfrentam escassez hídrica.
O diretor executivo da Aesbe reforçou a necessidade de envolver também a Câmara Técnica de Qualidade (CTCEQ) em futuras discussões e sugeriu a organização de uma pesquisa entre os membros para mapear experiências e expectativas. Ele também defendeu a apresentação de modelos de negócio já consolidados, como o Aquapolo, em São Paulo, que podem inspirar soluções adaptadas à realidade brasileira.
O próximo passo será detalhar estudos técnicos, propor políticas de incentivo e organizar agendas conjuntas com governos e empresas, sempre com foco na segurança hídrica e na sustentabilidade.


