Iniciativa visa consolidar o saneamento básico como prioridade nas agendas climáticas globais, com documento de diretrizes, escuta regional e articulação multissetorial

A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e a Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp) firmaram uma parceria estratégica com foco na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro de 2025. O objetivo é elevar o saneamento básico à centralidade dos debates sobre clima, justiça socioambiental e desenvolvimento sustentável.

A iniciativa prevê a atualização do documento “Saneamento e Mudança Climática: Diretrizes das Empresas de Água e Esgoto para o enfrentamento de eventos anormais”, elaborado pela Aesbe. O material será ampliado com contribuições técnicas de especialistas e atores sociais, buscando legitimar e fortalecer a atuação do setor de saneamento nas discussões globais. As diretrizes serão debatidas em dois seminários regionais e, posteriormente, lançadas oficialmente durante a programação da COP30, na Casa do Saneamento, em Belém.

Fortalecimento da representatividade

Para Sérgio Gonçalves, diretor executivo da Aesbe, a parceria amplia a representatividade das empresas estaduais de saneamento diante de um evento de alcance internacional. “O principal legado almejado com essa iniciativa é conseguir inserir o saneamento na pauta central da COP30 e das futuras COPs. Hoje, esse tema ainda é abordado de forma paralela, geralmente vinculado à água ou aos recursos hídricos. Nosso esforço é criar espaços próprios para o setor dentro da conferência”, pontua.

Sérgio destaca ainda que o documento de diretrizes será um “documento vivo”, com linguagem acessível e traduzido para outros idiomas, permitindo que países com desafios semelhantes se identifiquem com a proposta. “A parceria entre Aesbe e AESabesp é um passo significativo para impulsionar o saneamento como uma prioridade global, associando-o diretamente à cidadania, qualidade de vida e saúde pública.”

Universalização e adaptação climática: um duplo desafio

De acordo com Antonio da Costa Miranda Neto, engenheiro e consultor da Aesbe, o setor de saneamento enfrenta o desafio de cumprir as metas de universalização do marco regulatório (99% de cobertura de água e 90% de esgotamento sanitário), ao mesmo tempo em que precisa lidar com os impactos crescentes das mudanças climáticas.

“O enfrentamento à mudança do clima exige que as empresas avancem na inovação tecnológica e em modelos de gestão mais inclusivos, especialmente para atender áreas periféricas e rurais. Essa é também uma oportunidade para qualificar profissionais e incorporar boas práticas já existentes no país”, observa Miranda Neto.

Ele destaca que a terceira versão das diretrizes será construída a partir de escuta qualificada, com seminários regionais e ampla articulação institucional. “Queremos chegar à COP30 com um material robusto, útil para o Brasil e também para outros países. Nossa experiência pode e deve inspirar soluções globais.”

Seminários regionais e agenda COP30

A programação conjunta da Aesbe e da AESabesp inclui dois seminários regionais:

20 de agosto – São Paulo/SP: Pré-COP30 – Seminário de Diretrizes para Enfrentamento da Mudança do Clima (Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste);

2 de setembro – Manaus/AM: Etapa das Regiões Norte e Nordeste.

As contribuições oriundas desses encontros serão incorporadas à nova versão do documento, que será lançada entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro, durante a abertura da Casa do Saneamento, em Belém – espaço de articulação do setor para a COP30.

No dia 23 de outubro, durante a Fenasan, o documento também será apresentado em painel especial, consolidando os resultados e debatendo os próximos passos do setor no enfrentamento à crise climática.

Colaboração estratégica e impacto global

A coordenadora de Relações Institucionais da AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula, reforça que a parceria com a Aesbe amplia a capacidade de articulação política e técnica do setor. “Essa aliança fortalece a construção de uma narrativa sólida para mostrar ao mundo como o saneamento básico é essencial para a adaptação climática, a justiça socioambiental e a saúde pública. Queremos que o documento seja um manifesto técnico e estratégico”, destaca.

O diretor de Comunicação e Marketing da AESabesp, Kleber dos Santos, ressalta que a participação na COP30 será marcada por três eventos estratégicos, incluindo a Fenasan. “Nosso foco será discutir soluções concretas em infraestrutura, energias renováveis e desenvolvimento sustentável. A parceria com a Aesbe é fundamental para gerar benefícios concretos ao meio ambiente em escala global.”

O presidente da AESabesp, Agostinho Geraldes, complementa que a união entre as entidades fortalece a atuação do setor como um todo. “AESabesp e Aesbe têm histórico de liderança em iniciativas técnicas e socioambientais. Esta parceria vai além das fronteiras institucionais, envolvendo a sociedade em uma pauta urgente e estratégica para o país e para o planeta.”