Valor Econômico
11/06/2021

Por Taís Hirata

Estado pretende contratar o IFC para avaliar as duas opções de desestatização da empresa: uma capitalização, mas sem perda de controle acionário do governo, ou uma privatização de fato

As ações da Sabesp registram alta nesta sexta-feira, após a entrevista do secretário da Fazenda Henrique Meirelles ao Valor, na qual informou que o governo deve tomar uma decisão sobre uma possível privatização da companhia paulista de saneamento dentro de seis meses. Às 14h50, os papéis eram negociados a R$ 38,63, alta de 0,86%. Na máxima do dia, as ações saíram a R$ 40,14.

O Estado pretende contratar o International Finance Corporation (IFC) para avaliar as duas opções de desestatização da empresa: uma capitalização, mas sem perda de controle acionário do governo, ou uma privatização de fato. A grande expectativa do mercado é que os estudos concluam pela vantajosidade da alienação do controle da empresa.

No entanto, a avaliação é que o “timing” não é nada positivo, já que 2022 será um ano de eleição para o governo estadual e federal, o que tende a adicionar uma série de ruídos a um processo que já é complexo e controverso, diz um analista, que pediu anonimato. Além disso, o atual governador João Doria (PSDB) é potencial candidato, tanto para a reeleição no Estado quanto para a presidência.

Outra fonte que acompanha a empresa avalia que uma eventual privatização ainda neste governo não é impossível, mas é difícil. A tendência é que o processo fique para um próximo governo — a depender da orientação política da gestão eleita.

Desde o início da atual gestão de Doria, as ações da Sabesp têm tido altos e baixos, diante de indicações sobre o futuro da empresa. A princípio, o governador deixou clara sua intenção de vender o controle da companhia, mas hoje, no mercado, não há confiança de que exista essa disposição política.

A princípio, o governo sinalizou que o processo dependeria da aprovação do novo marco legal do saneamento e dos termos finais da nova lei. Em meados de julho de 2020, quando o texto foi sancionado, as ações da Sabesp chegaram a um patamar de cerca de R$ 63. Porém, desde então houve pouca sinalização positiva do Estado, que têm falado sobre um processo de “capitalização”, sem especificar se haveria ou não perda do controle acionário.

Em maio, o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, sinalizou que, até 2022, a prioridade do governo seria garantir a universalização dos serviços de saneamento, e não o processo de desestatização.