Valor Econômico
29/07/2021

Por Ana Conceição e Cibelle Bouças

Reservatórios de São Paulo, Minas e Goiás têm volume suficiente para enfrentar período seco deste ano, afirmam empresas de saneamento

Três dos Estados mais afetados pela seca no país – São Paulo, Minas Gerais e Goiás – trabalham com um cenário de redução do nível dos reservatórios na maior crise hídrica dos últimos 91 anos, mas apontam que não há risco de desabastecimento de água nos próximos meses.

De acordo com o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em junho, as chuvas abaixo da média provocaram o avanço da seca extrema e grave em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em Goiás. Também houve avanço da seca grave em Estados do Nordeste e no oeste de Santa Catarina. A agência não faz projeções para os próximos meses.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estima para agosto e setembro chuvas dentro ou abaixo da média histórica. Morgana Almeida, chefe do Centro de Análise e Previsão do Tempo do Inmet, disse que a partir de outubro, a tendência é de chuvas dentro ou acima da média em algumas áreas do centro e leste de Minas e do leste de São Paulo. “Deverá ocorrer os temporais com pancadas de chuva, mas serão localizados, com pouca contribuição para os reservatórios”, disse Morgana.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estima para agosto e setembro chuvas dentro ou abaixo da média histórica. Morgana Almeida, chefe do Centro de Análise e Previsão do Tempo do Inmet, disse que a partir de outubro, a tendência é de chuvas dentro ou acima da média em algumas áreas do centro e leste de Minas e do leste de São Paulo. “Deverá ocorrer os temporais com pancadas de chuva, mas serão localizados, com pouca contribuição para os reservatórios”, disse Morgana.

Em São Paulo, não há perspectiva de falta de água, segundo a Sabesp. O sistema integrado, composto por sete reservatórios, entre eles o Cantareira, estava ontem com 47,6% de sua capacidade, ante 59,9% há um ano. “Não antevemos problemas no período de inverno na região metropolitana”, disse Benedito Braga, diretor-presidente da Sabesp. A companhia prevê que o sistema integrado chegue a 41,5% da capacidade até novembro. A maior preocupação é com as chuvas do verão. “O problema será se as chuvas não vierem”, disse

Braga observou que medidas adotadas desde 2015, em outra crise hídrica, ajudam a evitar um cenário mais grave, como a ampliação da capacidade de transferência de água tratada entre os sistemas de abastecimento, que passou de 3 mil litros por segundo em 2013, para 12 mil em 2021.

Depois da crise foi feita a Interligação Jaguari-Atibainha e entrou em operação o Sistema São Lourenço, elevando a capacidade do sistema em 7%. Outras obras, como a interligação do rio Itapanhaú, devem elevar a oferta até 2022. Braga acrescentou que as campanhas de economia incentivada proporcionaram redução de 18,5% no consumo médio por pessoa.

Braga disse que problemas de abastecimento em municípios como Franca e na região de Itatiba, são pontuais. A Sabesp tem perfurado poços e intensificado medidas para garantir o abastecimento.

Em Minas Gerais, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) descartou o risco de racionamento na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas pode haver rodízio no norte e nordeste do Estado, caso a estiagem se prolongue além do previsto.

“Não vejo risco de desabastecimento no período seco que vai até outubro”, afirmou Rodrigo Coimbra, gerente da unidade de controle operacional da Copasa. O nível dos reservatórios do Sistema Paraopeba, que atende a região metropolitana de Belo Horizonte, estava em de 83,4% ontem. Coimbra espera reforço no abastecimento com o sistema de captação no rio Paraopeba construído pela Vale. A obra substitui o sistema que foi comprometido pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, e deve entrar em operação até setembro.

No norte e leste de Minas Gerais, a Copasa faz a perfuração de poços e realiza obras para garantir a oferta. “Não há risco iminente de desabastecimento, mas se a escassez continuar pode ser implantado algum tipo de rodízio. Mas serão casos pontuais”, disse Coimbra.

Em Goiás, segundo a Saneamento de Goiás (Saneago), a maioria dos mananciais estão com disponibilidade hídrica suficiente para assegurar a estabilidade no fornecimento de água tratada.

De acordo com a empresa, os mananciais apresentam patamares semelhantes aos de 2019. “Este panorama é resultado da gestão dos recursos hídricos e da recuperação das bacias de abastecimento. Temos o Reservatório João Leite, responsável por 60% do abastecimento de Goiânia e parte da Região Metropolitana, com 90% de sua capacidade”, informou a Saneago.