Presidente da Aesbe e da Cesan, Munir Abud, destaca papel do reúso da água, modernização tecnológica e regionalização durante debate no Estadão

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), Munir Abud, participou nesta terça-feira (5) do Meet Point Estadão Think, promovido pelo Estadão Blue Studio. Com o tema “O reúso como acelerador da universalização do saneamento e da economia brasileira”, o evento reuniu especialistas para discutir soluções hídricas sustentáveis e o papel estratégico da regeneração da água no avanço do saneamento no Brasil. A transmissão está disponível no canal do Estadão no YouTube.

Além de Munir, participaram do debate Eduardo Pedroza, diretor de Novos Negócios da GS Inima Industrial, e Marcus Vallero, diretor comercial de Projetos da Veolia. A mediação foi conduzida pela jornalista Mafê Luvizotto.

Munir Abud destacou que o saneamento passou a ocupar um lugar central no debate público nas últimas décadas. “O saneamento passou a ser colocado no palco das discussões do Brasil. Não era tão visto na década de 80, 90, até mesmo nos anos 2000. Mas hoje, efetivamente, o saneamento está na mesa do povo brasileiro, que enxerga sua importância: como você faz para ter sua praia limpa? Tem que ter esgoto tratado. Como evitar doenças de veiculação hídrica? Tem que beber água própria para consumo.”

O presidente da Aesbe ressaltou que, mesmo com o Brasil sendo um país rico em água doce, os recursos naturais ainda são mal geridos. “O Brasil tem grandes reservas de água doce, mas não cuidamos bem delas. Grande parte da violação da qualidade dos nossos recursos hídricos acontece justamente pela falta de saneamento básico. O esgoto não tratado acaba sendo lançado nos rios, poluindo o que deveria nos abastecer.”

Ele reforçou a urgência de uma mudança de mentalidade e da adoção de tecnologias mais modernas para o setor. “As mudanças climáticas, especialmente no Brasil, nos trouxeram um alerta: o saneamento de hoje não pode ser lido com a tecnologia dos anos 80 e 90. Ele tem que se modernizar. E, para isso, o ponto fundamental é a diversificação da matriz hídrica, rompendo preconceitos.”

Munir enfatizou que alternativas como o reúso de água e a dessalinização ainda enfrentam resistência, mas já são práticas comuns em países desenvolvidos. “Ainda há muito preconceito no Brasil com outras formas de captação, como por exemplo a utilização da água de reúso para fins industriais ou a dessalinização. Mas já são iniciativas populares em países desenvolvidos, muito avançados.”

Ele alertou que, se o país não agir agora, os avanços de hoje podem ser insuficientes no futuro. “Se não resolvermos o problema de hoje — e muitas vezes uma dessalinizadora parece obsoleta em um país com tantos rios — daqui a três, quatro décadas, nossos herdeiros podem olhar para trás e enxergar que nós falhamos. E, para evitar que isso aconteça, precisamos construir em paralelo aos avanços da universalização. Porque, com o crescimento populacional e a defasagem dos recursos hídricos, os avanços de hoje podem se tornar insuficientes.”

Munir também compartilhou a experiência da Cesan como exemplo de solução integrada para o setor. “A PPP integrou o sistema e promoveu a regionalização. Isso possibilitou que Vitória, já universalizada, subsidiasse a implantação do sistema de esgoto em outro município. O saneamento não pode ser visto como uma ilha, é preciso enxergá-lo de forma regionalizada. Um município pode ajudar o outro. E é aí que conseguimos ver avanços concretos.”

Ele destacou que o Estado vem adotando medidas para se antecipar às crises futuras. “O Espírito Santo está fazendo o seu dever de casa e implementando iniciativas, como a dessalinização e o reúso, para garantir a segurança hídrica do futuro.”

Além disso, Munir enfatizou que a universalização precisa caminhar ao lado da sustentabilidade e do planejamento de longo prazo. “Grande parte do Brasil ainda não tem acesso ao saneamento. E, mesmo com os avanços, se não pensarmos em segurança hídrica para o futuro, os progressos de hoje podem se mostrar insuficientes daqui a duas ou três décadas. Não queremos olhar para trás e enxergar que erramos. Queremos construir hoje um futuro sustentável, com a diversificação da matriz hídrica, entregando à população a tão desejada universalização, com qualidade, sustentabilidade e visão de longo prazo.”

Assista à íntegra do debate: https://www.youtube.com/watch?v=711w4JndDaM

 

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