Valor Econômico
18/11/2020

Por Taís Hirata

Companhia paulista manterá estratégia de firmar parcerias com grupos privados e diz que leilão da Cedae será um desafio

Após ficar em segundo lugar no leilão de água e esgoto da região metropolitana de Maceió (AL), a Sabesp estuda novas licitações fora do Estado de São Paulo. O plano é seguir o modelo de consórcio com um parceiro privado – no caso da disputa em Alagoas, a Sabesp entrou como acionista minoritária em um grupo controlado pela Iguá Saneamento, da IG4 Capital.

“A estratégia de parceria com o setor privado vai prevalecer independente do resultado em Maceió. Ficamos em segundo lugar. Como uma primeira corrida que tivemos, foi muito bom. Vamos perseverar, participar de futuros leilões”, disse Benedito Braga, presidente da companhia paulista de água e esgoto, em teleconferência realizada ontem.

Questionado por um analista de mercado sobre a possibilidade de um conflito entre os investimentos fora de São Paulo, enquanto a universalização no Estado ainda não foi finalizada, Braga defendeu a expansão.

“Só vamos participar de novos negócios que nos deem lucro. Nosso lucro vai para a infraestrutura. Quanto mais lucro, mais rapidamente vamos universalizar [os municípios paulistas]. Não tem conflito nenhum entre ir para fora do Estado e universalizar em São Paulo”, afirmou.

No leilão de Alagoas, o consórcio de Iguá e Sabesp fez um lance considerado agressivo que chamou a atenção do mercado. Porém, o grupo perdeu para a oferta da BRK Ambiental.

Em relação a novos alvos da companhia, os executivos dizem que preferem não comentar sua estratégia, principalmente neste momento em que os leilões estão bastante concorridos.

Em relação à Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), que deverá ser desestatizada pelo governo fluminense e é aguardada com entusiasmo pelo mercado, Braga afirma que ainda não há uma decisão firmada. “A Cedae é um desafio bastante importante, uma opção de grande porte. Vamos ter que nos debruçar para verificar a conveniência ou não [de participar]”, disse

A expansão da Sabesp para o segmento de resíduos sólidos também deverá ter avanços em breve, segundo o presidente. Dentro de um mês, a expectativa é conseguir as autorizações necessárias para abrir um chamamento público, que selecionará uma empresa privada para uma joint venture, destinada a operar os resíduos sólidos do município de Diadema (SP). O plano é construir uma usina para transformar o lixo da cidade em energia.

Braga afirmou ainda que há conversas com outras prefeituras para projetos semelhantes, mas ainda nada concreto.

Os executivos também dizem que a companhia não prevê uma deterioração de seus índices de endividamento, e destacaram seus esforços para, durante a crise, reduzir o risco cambial. A exposição da dívida da empresa a moedas estrangeiras caiu de 49%, no terceiro trimestre de 2019, para 25%, neste ano.

Essa queda foi possível por meio de duas operações. Em abril, a empresa já havia firmado a conversão de uma dívida de US$ 494,6 milhões com o Banco Inter Americano de Desenvolvimento (BID) para R$ 2,8 bilhões. Em setembro, a Sabesp também fez a amortização antecipada do Eurobônus de US$ 350 milhões, que venceria em dezembro.