Valor Econômico
10/11/2020

Por Fernanda Bompan e Álvaro Campos

Desde o dia 3 deste mês até o dia 15, acontece a fase restrita de operação

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, classificou como um “sucesso estrondoso” o período de testes do novo sistema de pagamentos instantâneos, o Pix, que entrará em vigor no próximo dia 16 de novembro.

Desde o dia 3 deste mês até o dia 15, acontece a fase restrita (“soft opening”), em que as mais de 700 instituições participantes realizam testes de transações com alguns usuários selecionados pelas mesmas. Essa abertura controlada (com horários determinados) visa corrigir eventuais problemas que o próprio diretor do Banco Central admite que pode ocorrer quando o sistema for liberado para todo o território nacional, todos os dias e horários da semana.

Leandro Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), comentou que ficou surpreso que, ainda na primeira semana da fase restrita, ocorreram 57 mil transações somente na sexta-feira. “É um volume muito significativo para um ambiente de testes”, disse.

Durante webinar realizado ontem pela Febraban, Mello também enfatizou que o Pix é seguro. “São diversos fatores que justificam essa segurança. Um deles é que o Pix foi um resultado de uma cocriação com o mercado, ou seja, com diversos atores que têm experiência na prevenção de fraudes”, apontou o diretor.

Além disso, segundo ele, o Pix é um sistema criado do zero, portanto não possui legados que são difíceis de serem mudados ou configurados. Ao mesmo tempo, conta com uma série de filtros. Por exemplo, se há uma suspeita de fraude, esta é comunicada automaticamente à instituição recebedora dos recursos e a operação é bloqueada, diferentemente do que acontece em operações como uma TED.

Na avaliação de Mello, é compreensível que tudo que é novo, embora desperte curiosidade, também gere receio. Porém, o Pix não tem muita diferença do que usar um cartão de débito.

Vilain ressaltou que o usuário do Pix deve tomar os mesmos cuidados e ter a mesma atenção com esse novo sistema comparado ao que já faz em outros meios de pagamento.

Para o presidente da Febraban, Isaac Sidney, a introdução do sistema de pagamentos instantâneos será um passo histórico, pois leva a uma nova era na indústria de meios de pagamentos.

Ele afirmou que os bancos estão totalmente preparados para o lançamento do Pix no dia 16 e que as grandes instituições tradicionais estão à frente nesse processo, mais adiantadas inclusive que novos entrantes, que muitas vezes “se acham os inventores da roda, da inovação e da modernidade nesse mercado”, disse.

Sidney ressaltou que o Pix traz diversos benefícios para a economia brasileira, dando nova lógica para atividades comerciais, diminuindo custos de transação, reduzindo o dispêndio com manejo do dinheiro físico – que é de quase R$ 10 bilhões por ano – e aumentando a liquidez.

Sobre uma eventual perda de receitas dos bancos com o Pix – que diminuiria, por exemplo, as transferências via TED e DOC – ele afirmou que essa é uma nova ferramenta, que vai conviver com as outras, assim como o cheque não desapareceu totalmente com o surgimento de outras tecnologias de pagamento.