Valor Econômico
09/09/2020

Por Taís Hirata

Gestora de recursos estuda fazer seus primeiros investimentos ainda neste ano

A gestora de recursos Perfin, uma das candidatas do setor financeiro a investir em saneamento básico, estuda fazer sua estreia no segmento até o fim deste ano, segundo o sócio-fundador Ralph Rosenberg.

O grupo, que já tem um histórico de investimentos em transmissão de energia e geração renovável, está agora em conversas com operadores de água e esgoto para possíveis parcerias em projetos de concessão.

“O saneamento tem um potencial muito maior do que o setor de linhas de transmissão. O que faltam são bons ‘players’. Capital não acredito que faltará, o desafio é capacidade de execução”, afirmou o executivo.

Ele diz que a gestora está avaliando os leilões de saneamento marcados para setembro. Neste mês, estão previstas três grandes concorrências: a Parceria Público-Privada (PPP) de Cariacica (ES), a PPP da Sanesul (MS) e a concessão da região metropolitana de Maceió (AL).

Porém, devido ao prazo apertado até os leilões, há uma possibilidade de o grupo entrar posteriormente, ou seja, depois do leilão, a depender do ganhador. Os recursos viriam de um dos fundos da gestora, o Perfin Mercury, de R$ 1,2 bilhão.

A percepção é que os três ativos são de qualidade, avalia Rosenberg. “Em cada um, há méritos e deméritos, mas os três são interessantes. Acredito que os projetos da Sanesul e de Cariacica deverão ter mais competição. No caso da concessão de Alagoas, trata-se de um projeto com exposição de caixa maior, porque, além dos investimentos altos, haverá um pagamento de outorga, que deve ficar bastante acima do preço mínimo do edital”, afirma.

Apesar do interesse, ele ressalta que não há pressa para entrar no segmento. “As oportunidades são muitas, e saneamento é um setor muito alavancado, então não se pode cometer erros”, diz.

O interesse da Perfin no setor, tal como o de diversos outro fundos de investimento, é uma decorrência da aprovação do novo marco legal do setor, sancionado em meados de julho. “Além das questões regulatórias, para nós, o principal é a abertura maior para o setor privado”, diz.

O texto ainda traz algumas incertezas relevantes: por exemplo, ainda não se sabe se o Congresso irá derrubar um veto do presidente que barra a renovação de contratos das estatais, o que poderá acelerar as oportunidades de mercado, caso o veto seja mantido pelos parlamentares.

Para Rosenberg, essas indefinições não geram preocupação neste momento. “O modelo de concessão e PPP, que é o que está sendo colocado nos projetos atuais, não é novo. Além disso, todas essas questões podem ser precificadas”, afirma.

Ele também diz que vê com bons olhos possíveis vendas de empresas do setor – embora não haja perspectiva para isso no curto prazo. “A chance de as privatizações saírem é alta, mas isso foge ao nosso controle, porque precisa de interesse político.” Hoje, as duas principais candidatas a uma privatização são Sabesp (SP) e Copasa (MG). Nesses processos, Rosenberg vê situações opostas: “No caso de São Paulo, o governo até conseguiria, porque tem apoio dos legisladores, mas não sei se há interesse político. Em Minas, é o contrário, o governo deixou claro que quer, mas dificilmente conseguiria aval da Assembleia.