Valor Econômico
19/10/2020

Por Letícia Fucuchima

Parceria foi idealizada antes do leilão da concessão de Maceió e pode chegar a R$ 1,6 bilhão

A empresa de engenharia e construção Passarelli acaba de fechar um contrato de R$ 1,2 bilhão com a BRK Ambiental para realizar as obras da concessão de água e esgoto na região metropolitana de Maceió (AL), vencida pela operadora de saneamento em leilão no início deste mês. O valor do contrato pode ainda aumentar para R$ 1,6 bilhão, caso as empresas acertem a inclusão de novos serviços, afirma o presidente da Passarelli, Paulo Bittar.

A parceria para o projeto foi costurada antes mesmo do certame, invertendo a prática mais usual no mercado, de sair em busca de um EPCista somente depois de ter vencido uma licitação. Segundo a BRK, esse “pré-acordo” foi fundamental para que ela pudesse ser competitiva na concorrência pelo projeto – a operadora venceu outros seis grupos com um lance R$ 500 milhões superior ao segundo lugar.

Alguns meses antes do leilão, a BRK começou a sondar o mercado atrás de soluções para “otimizar” os investimentos (Capex) previstos no projeto de Maceió. De acordo com o diretor de Engenharia da empresa, Claudio Monken, o plano de pré-engenharia apresentado pela Passarelli permitiu uma redução do custo unitário de obras importantes, com o uso de tecnologias como a máquina “shield” (escavação em rocha por um método não destrutivo). “Essa ferramenta vai ser muito importante para o grande volume de obras numa região adensada como Maceió”, afirma.

A expectativa é que as obras da concessão de Maceió comecem no ano que vem. A assinatura do contrato está prevista para janeiro, e ainda um período de seis meses de transição para a nova operadora. Ao todo, a BRK deve investir R$ 2,6 bilhões em infraestrutura nos 35 anos de concessão, sendo R$ 2 bilhões já nos seis primeiros anos.

O acordo entre as empresas pode se repetir em novos projetos, mas não é exclusivo, explicam os executivos. Do lado da BRK, a experiência, se bem sucedida, pode entrar na estratégia de PUBLICIDADE preparação para futuros leilões de saneamento. “Não posso dizer que esse modelo seria aplicável a todo tipo de projeto, faz mais sentido quando há grande volume de obras. Mas tornando esse modelo exitoso, vamos buscar usá-lo novamente no futuro”, diz Monken.

Já para a Passarelli, o acordo reforça o setor de saneamento com uma das principais vias de crescimento dos negócios nos próximos anos. “Com o novo contrato, nossa carteira (“backlog”) vai passar de R$ 3 bilhões. Acreditamos que poderemos atrair outros ‘players’ e parceiros para estudar projetos de infraestrutura com Capex pré-contratado”, afirma Bittar.

Obras de saneamento não são novidade para a Passarelli. Sua atuação começou na década de 1960 e, hoje, saneamento é o “core business” entre outros segmento de infraestrutura para os quais também presta serviços, como aeroportos e energia. A empresa participa de grandes projetos públicos, como o programa “Novo Pinheiros” do governo paulista para despoluição do rio Pinheiros. Entre contratantes privados, tem outro contrato com a BRK, para as obras de estação de tratamento de esgoto em Araguaína, no Tocantins.

Embora infraestrutura seja seu principal negócio, a companhia também tem atividades no ramo imobiliário, com incorporação e construção do Minha Casa Minha Vida, e em empreendimentos privados, como shoppings, mercados, galpões e indústrias. Neste ano, a companhia projeta aumento de 10% do faturamento ante 2019, para R$ 450 milhões.