Valor Econômico
03/12/2019

Por Anaïs Fernandes

Para Gustavo Montezano, Brasil “não aprendeu como monetizar, valorizar e negociar ‘hedge’ ambiental de que muitos vão precisar mundo a fora

Saneamento, gás e florestas são os três setores da “nova fronteira” de atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com Gustavo Montezano, presidente da instituição.

A uma plateia de empresários do setor químico, ele disse esperar “boas notícias vindas do Congresso” a respeito do novo marco regulatório do saneamento básico. O projeto de lei teve regime de urgência aprovado no plenário da Câmara dos Deputados na semana passada. “Temos 100 milhões de pessoas hoje no Brasil que vivem sem saneamento básico. Isso é um absurdo”, afirmou durante evento da indústria química em São Paulo.

Em relação ao gás natural, alvo do governo em um processo de abertura de mercados, Montezano disse que o setor é um exemplo de como o banco “está atuando de forma holística” e para ser mais do que um “simples emprestador”. Segundo ele, o BNDES tem um time de funcionários visitando os Estados e buscando mandatos junto aos governadores para estruturar a privatização de distribuidoras de gás. Montezano reconheceu que o segmento de companhias estaduais de distribuição de gás “é muito amarrado”, por isso as mudanças esperadas requerem “muita articulação” e são “algo de longo prazo”.

O BNDES está atuando ainda, de acordo com o presidente da instituição, como facilitador na articulação entre os atores envolvidos no escoamento do gás, além de colocar recursos próprios para modelar esses projetos. Em outra frente, o banco trabalha em linhas para conversão de caminhões e ônibus do modelo de diesel para o gás.

Segundo Montezano, a função do BNDES é “fazer o dinheiro fluir”, destravando gargalos. “Se necessário, podemos investir, sim, com nossos recursos. O banco tem recursos para isso, temos financiamento em reais de longo prazo disponível para ser usado. Mas o principal gargalo hoje não é recurso, é ter bom planejamento, fazer bom projeto”, disse.

Sobre o segmento florestal, Montezano afirmou que até hoje o país “não aprendeu como monetizar, valorizar e negociar esse ‘hedge’ ambiental de que muitos vão precisar mundo a fora”. “Acho que é um pouco claro para todo o mundo que esse ativo vai valer cada vez mais dinheiro”, disse.