Valor Econômico
22/11/2019

Por Rita Azevedo e Marcelle Gutierrez

A demanda mais firme no mercado doméstico sustentou os balanços das empresas no terceiro trimestre

A demanda mais firme no mercado doméstico sustentou os balanços das empresas no terceiro trimestre e compensou em parte a frustração das expectativas com o mercado externo.

O impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu em cheio os preços das commodities, reduziu a demanda nos mercados globais, interferiu nas taxas de câmbio e prejudicou as companhias exportadoras. Mas a retomada começa a aparecer, sobretudo, nos balanços das empresas dos setores de consumo, varejo, energia, saneamento e construção civil.

Foi o primeiro trimestre desde o fim de 2017 em que o resultado líquido consolidado das incorporadoras ficou no azul, puxado pelo desempenho das companhias voltadas à média e alta renda.

Mais surpreendente, as fabricantes de bens industriais, como máquinas, equipamentos e implementos automotivos, que costumam levar mais tempo para reagir, também tiveram aumento de receita no mercado doméstico.

A variação cambial, com a cotação do dólar batendo em R$ 4,16 no fim de setembro, teve impacto forte na última linha dos balanços, com a marcação a valor de mercado das dívidas em moeda estrangeira. Mas esse evento não tira o foco da recuperação operacional das companhias, que há muito vinha sendo adiada.

Levantamento feito pelo Valor Data mostra que o lucro líquido combinado de 269 empresas não financeiras, de julho a setembro, recuou 28% na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 16,5 bilhões. As despesas financeiras aumentaram quase 38%, para R$ 28,8 bilhões, com a variação cambial.

Mas o lucro operacional, antes do efeito do dólar, cresceu 1,1%, para R$ 51,7 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), muito usado pelo mercado, cresceu 9,3%. A receita líquida avançou 2,6% no período, para R$ 429,7 bilhões. A lista exclui Petrobras, Vale e Eletrobras para evitar distorções na análise.