Valor Econômico
19/04/2020

Por Alessandra Saraiva e Francisco Góes

Valor está dentro dos R$ 2 bilhões que o banco de fomento colocou à disposição do setor de saúde para combate à covid-19

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já tem demanda de R$ 700 milhões para a linha de crédito de R$ 2 bilhões anunciada para empresas de saúde que atuam no combate à covid-19, disse neste domingo, em videoconferência, o presidente da instituição de fomento, Gustavo Montezano

O executivo comentou ainda que, dos setores anunciados que receberão apoio do banco, em meio à crise na economia provocada pela covid-19, ele espera finalizar no mês que vem as operações.

Ao falar sobre as áreas que já foram anunciadas para receber o apoio do BNDES, juntamente com um sindicato de bancos, públicos e privados, e participação de Ministério da Economia e Banco Central nas conversações, Montezano citou novamente os setores que receberão os aportes, em um primeiro momento. As operações vão envolver grandes empresas dos segmentos de energia elétrica, transporte aéreo, indústria automotiva, e varejo não alimentício.

“Esperamos liquidar operações ao longo do mês de maio”, afirmou ele.

No caso do setor áereo, Montezano havia dito, no fim de março ao anunciar o uso de debêntures conversíveis para apoiar empresas, que tinha expectativa de fechar os aportes de recursos para as companhias aéreas em abril. Essas discussões vêm enfrentando uma série de dificuldades para avançar, embora agora haja sinais de que as tratativas possam deslanchar a partir da formação do sindicato de bancos coordenado pelo BNDES.

Ao ser questionado se o BNDES pretende incluir mais setores a serem apoiados, Montenzano afirmou que o banco não pretende abrir para mais do que “nove a dez setores”. A ideia é concentrar as operações em setores, de forma eficiente, e assim prover apoio em momento de crise, afirmou ele.

No entanto, admitiu que empresas de saúde terão atenção especial. Isso porque esse setor lida diretamente com o combate à covid-19. “Já temos demanda de R$ 700 milhões em empresas de saúde no combate ao coronavírus”, afirmou.

Anunciada no fim de março, a linha de financiamento visa ampliar oferta de leitos emergenciais, e de materiais e equipamentos médicos e hospitalares. Empresas de outros setores que poderiam converter produção em equipamentos e insumos para saúde também podem acessar a linha, informou o BNDES, na época do anúncio do crédito.

Em sua participação no evento, Montezano deu um panorama geral da atuação do BNDES em lidar com impacto, na economia, do avanço da doença, originada por contaminação pelo novo coronavirus.

Ao ser questionado se o banco teria proposta de usar o Fundo Garantidor para Investimentos

BNDES FGI para ajudar a compor instrumentos financeiros durante a crise atual, provocada pela covid-19, ele afirmou que vê esse instrumento apenas como um veículo. “Um bom caminho para atuar em empresas medias é de garantia de crédito ou seguro de crédito. É um instrumento pouco usado no Brasil” afirmou ele. Na análise do executivo, o instrumento de seguro de crédito tem potencial para alavancar créditos no país. “Trabalhamos com essa possibilidade”, afirmou ele, sem oferecer mais detalhes.

Ao comentar sobre quais seriam os cenários do país após a crise causada pela covid-19, Montezano comentou que, em sua análise, a agenda de desestatização do governo vai ganhar mais importância que no momento pré-crise do novo coronavírus.

“É cada vez mais importante ter um Estado enxuto, para ter poucas amarras para trabalhar”, disse o presidente do BNDES. Segundo ele, a agenda de desestatização ganha mais “tração” agora.

Ele afirmou que o BNDES continua a trabalhar no cronograma de desestatização da Eletrobras e dos Correios Leilões Montezano informou ainda que a instituição tem o objetivo de promover leilões de desestatização na área de saneamento em quatro Estados ainda neste ano.

O banco vem dando consultorias a diversos Estados na área de saneamento. O banco pode fazer modelagens, de acordo com as necessidades de cada Estado.

Os quatro Estados que poderão ter leilões na área de saneamento este ano são Alagoas, Amapá, Acre e Rio de Janeiro.

“Vamos acelerar a agenda de saneamento”, disse Montezano, em evento virtual promovido pelo banco itaú BBA.