Por Juliana Machado – Valor Econômico

29/01/2019 – 18:57

SÃO PAULO – As ações de varejo e de companhias que podem se beneficiar da agenda de privatizações do governo voltaram a se destacar em um pregão marcado por pequena recuperação do Ibovespa, depois da forte baixa de ontem.

Embora o futuro da Vale ainda seja turvo, a marginal recuperação do papel hoje e de outras “blue chips” ajudaram o índice. O Ibovespa encerrou o dia em leve alta de 0,20%, aos 95.639 pontos, perdendo bastante a força depois de avançar até os 96.751 pontos na máxima do dia. O volume financeiro das ações do índice foi forte, em R$ 14,33 bilhões, acima da média diária negociada no mês.

As ações do setor de varejo voltaram ao destaque do Ibovespa nesta tarde por causa da expectativa de retomada da demanda no Brasil, combinada com uma recuperação dos papéis depois de alguns dias de queda nos últimos pregões. A Magazine Luiza ON ficou na segunda maior alta do índice, de 6,61%. Além dela, subiram B2W ON (3,98%), Fleury ON (4%) e Via Varejo ON (5,98%).

O setor varejista concentra papéis que teriam mais a ganhar com a expansão do crédito e da atividade brasileira. O suporte para essa tese hoje veio da nota de crédito do Banco Central (BC), que mostrou uma recuperação do estoque de crédito no país em dezembro, com alta de 1,8%. Já as novas concessões mostraram avanço de 9,1%.

No começo da tarde, o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, comentou que 2018 marcou a recuperação do crédito após anos sucessivos de retração, com expansão para a pessoa física e pessoa jurídica.

“Temos uma conjuntura local ainda bastante positiva, apesar do susto que houve ontem. Isso não se perdeu”, afirma Ari Santos, gerente da mesa de operações da H.Commcor.

O noticiário sobre privatizações também voltou a aquecer os negócios hoje. A Eletrobras ON liderou os ganhos do Ibovespa, ao subir 7,08%; a PNB da empresa avançou 4,84%. O movimento é resultado dos comentários do secretário especial de desestatização e desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar. Ele afirmou, em evento do Credit Suisse, que o objetivo do presidente é “manter apenas Petrobras, Banco do Brasil e Caixa”, e com tamanho reduzido.

No mesmo evento, o governador de São Paulo, João Doria, comentou que as empresas que já têm direito sobre rodovias terão seus processos renovados e que todas as estradas não concedidas ao setor privado, serão. Sobre mudança no marco regulatório do setor de saneamento, disse que espera que a medida provisória (MP) sobre o tema seja aprovada entre 60 e 90 dias. Isso movimentou não apenas Sabesp (1,39%), mas sobretudo CCR (6,61%) e Ecorodovias (4,62%).

No caso da Vale, houve uma pequena alta de 0,85% no fim do dia, que nem de longe equilibra as perdas acima de 24% registradas ontem. Gestores afirmam que ainda é difícil dizer qual será o novo patamar de preço em que a ação vai se estabilizar, mas reiteram que os acontecimentos em Brumadinho (MG) colocaram a Vale em destino incerto.

Entre as demais “blue chips”, a Petrobras ON subiu 2,18%, enquanto a PN ganhou 2,42%. Além dos preços do petróleo, que tiveram ganhos acima de 2% no dia, há um noticiário movimentado sobre a empresa. O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, afirmou a analistas, em reunião na última semana, que a empresa pode retomar o processo de venda da sua participação na Braskem e analisar a chance de vender o controle da BR Distribuidora.

Já depois do mercado fechado, o presidente da Petrobras também comentou que a negociação da cessão onerosa precisa ser concluída no prazo mais curto possível, com uma solução em 30 a 60 dias, segundo a intenção da companhia. Também após o fechamento, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) cancelou três autuações recebidas pela estatal por causa de contratos de afretamento, como informou o Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor.