Valor Econômico
01/07/2020

Por Letícia Fucuchima

Elétrica estuda participar do certame da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), previsto para o fim deste ano

A Equatorial Energia estuda expandir sua atuação para o setor de saneamento e pode participar do leilão de desestatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), previsto para acontecer ainda neste ano.

A intenção de eventualmente estrear um novo braço de negócios foi confirmada ontem pelo presidente da elétrica, Augusto Miranda, em teleconferência de resultados. O executivo explicou que a companhia tem uma área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) dedicada a estudar uma série de oportunidades de crescimento. “Saneamento é um segmento naturalmente atrativo, estamos olhando sim, até por obrigação”, disse.

Ainda de acordo com Miranda, a aprovação do novo marco regulatório de saneamento pelo Congresso, na semana passada, estimulou a companhia. “Um tema que segurou muito [o interesse] foi a falta do marco regulatório. Na hora que ele vem, com certezas as coisas ficam mais claras e podemos pensar mais firmemente nisso”.

Uma das possibilidades em estudo pela Equatorial Energia é a participação no projeto de desestatização da Casal, que foi estruturado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas, caso queira entrar na concorrência pela concessão dos serviços de esgoto e abastecimento de água na região metropolitana de Maceió, marcada para setembro, a elétrica teria que se associar a uma operadora de saneamento, já que o edital prevê qualificação técnica das licitantes.

A Equatorial já atua em Alagoas por meio de uma distribuidora, que atende 1,0 milhão de consumidores no Estado. O grupo detém outras três concessionárias de distribuição, no Pará Maranhão e Piauí, que somam mais 6,63 milhões de clientes. Ainda no setor de energia, tem atividades em transmissão, geração e comercialização.

Sobre os impactos da pandemia nos negócios, a elétrica tem observado uma melhora dos índices de inadimplência apurados por suas distribuidoras. Segundo os executivos da companhia, os níveis de inadimplência atingiram 15% a 25% nas primeiras semanas da pandemia, mas caíram para a faixa de 5% a 13% nos últimos dados disponíveis, de meados de maio.

Já em termos de mercado, a energia injetada pelas quatro distribuidoras teve queda de 3% no acumulado de abril e maio, enquanto o valor faturado apresentou redução de 2,2% no mesmo período. Segundo os executivos, a queda de mercado, menos intensa se comparada à média nacional, pode ser explicada pelo perfil mais residencial dos clientes das distribuidoras do grupo.

A Equatorial está avaliando a adesão à “Conta Covid”, empréstimo emergencial ao setor elétrico. Caso decida pela adesão, a companhia teria uma injeção de cerca de R$ 1,6 bilhão. Na avaliação dos executivos, os valores do financiamento, somados aos R$ 5,7 bilhões que o grupo tinha em caixa no encerramento de março, tornam a estrutura de capital da empresa “bastante confortável” para enfrentar a crise.

A companhia fechou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 439,9 milhões, cifra 106,7% superior à registrada nos primeiros três meses de 2019. A receita operacional líquida alcançou R$ 4,20 bilhões, alta de 25,2% na base anual, enquanto o Ebitda ficou em R$ 1,14 bilhão, elevação de 98,7%.