Consultas ao banco aumentaram em fevereiro, disse executiva

 

POR GLAUCE CAVALCANTI
14/03/2017 20:25 / atualizado 14/03/2017 21:12

Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES – Agência O Globo

RIO – A presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, afirmou nesta terça-feira que o banco deve ter um resultado melhor este ano, apesar da retração de 35% nos desembolsos — os financiamentos concedidos a empresas — em 2016. Ela destacou que o cenário econômico adverso tem impacto na concessão de crédito.

— O banco não cria projetos. Ele financia projetos. Nós reagimos à demanda. Mas janeiro e fevereiro já mostram sinais de recuperação na economia. E as consultas ao banco até fevereiro melhoraram. Haverá um ponto de inflexão ao longo do ano — disse Maria Silvia a jornalistas, após a abertura de um evento na sede do banco para o setor de micro, pequenas e médias empresas.

Na última semana, o banco anunciou ter encerrado 2016 com lucro de R$ 6,4 bilhões, alta de 3,1% sobre 2015.

PERNAMBUCANA COPERGÁS ADERE A PROGRAMA DE CONCESSÕES

O BNDES vem trabalhando com força para atuar nos três grandes setores que hoje não apresentam capacidade ociosa no país: infraestrutura, agricultura e óleo e gás.

— Estamos trabalhando nos vários leilões previstos. O governo de Pernambuco trouxe nesta terça-feira ao banco ofício para incluir a companhia de gás do estado no programa de concessões. Estamos avançando — contou ela.

Em operação desde 1994, a pernambucana Copergás é a principal distribuidora de gás do Nordeste. Empresa de capital misto, tem como sócios o Governo do Estado de Pernambuco, a Petrobras Gás S.A / Gaspetro e a Mitsui Gás e Energia do Brasil. O plano de negócios 2016 a 2020 prevê R$ 300 milhões em investimentos para o período, sobretudo na expansão da rede no interior do estado.

Ela destacou os avanços no programa de concessões em saneamento. E reafirmou que o BNDES não foi, até aqui, procurado pelo governo federal para encaminhar o processo da Cedae.

Uma das estratégias para estimular os desembolsos é tornar o processo de solicitação e aprovação de crédito mais ágil dentro do banco.

— O prazo para a análise de projetos para concessão de crédito de forma direta pelo banco pode levar de 25 a 2.500 dias, tendo uma média de mais de 600. Isso quer dizer que só 50% dos desembolsos feitos em um ano foram aprovados naquele mesmo ano. O restante vem de anos anteriores — explicou.

Questionada sobre a falta de procura pela linha de crédito disponível para empresas em recuperação judicial, Maria Silvia disse não ter explicação:

— Não tivemos nenhuma consulta. Mas também não houve mudança de controle de grandes empresas (em recuperação). Estou cobrando a equipe do banco também, para entender o que está havendo.

CRÉDITO PARA A PEQUENA EMPRESA

Em dezembro de 2016, ao BNDES anunciou um pacote de medidas para facilitar a concessão de crédito a micro, pequenas e médias empresas (PMEs). O banco já lançou um app que permite aos pequenos empresários acessar informações sobre operações em curso e também dados sobre linhas oferecidas pelo banco. Em meados do ano, vai lançar um portal para o segmento.

— Temos um calendário para atender as micro, pequenas e médias empresas. O portal vai permitir ao empresário desse segmento informar quais as suas necessidades de crédito e um robô vai escolher, automaticamente, a linha mais adequada. Se houver um agente financeiro para aquela linha, já irá direcionar o empresário a ele — explicou a Maria Silvia, que abriu evento para o segmento realizado na sede do banco no início da noite desta terça-feira, que contou com a presença de 560 empresários.

Já há negociação avançada com uma empresa para associação com uma plataforma digital que permita fazer emissão de cartão BNDES, criar kits para franquias, entre outros serviços. A ideia é que funcione de forma a ampliar a rede de distribuição do banco.

Nessa direção, crescem as conversas com as chamadas fintechs, empresas que oferecem serviços financeiros por meio de soluções tecnológicas.

— Já temos oferta de uma fintech para um sistema de leilão reverso de crédito. O micro, pequeno e médio empresário diz que adquirir um dado financiamento e por um preço específico. E nós vamos mostrar que banco oferece a melhor opção — contou a presidente do BNDES.

A aposta em ferramentas digitais também está alinhada com o esforço de reduzir o tempo para aprovação de crédito a MPEs. A meta é cair dos atuais 45 a 60 dias para de dois a três dias ainda este ano.