Folha de São Paulo
07/04/2020

Por Thiago Resende Danielle Brant

Sem acordo, Plano Mansueto, com medidas de médio prazo, não será votado por ora; líderes querem aprovar ações de curto prazo

O governo e o Congresso articulam um projeto com medidas para aliviar o caixa dos Estados e municípios durante a pandemia do novo coronavírus. Com a proposta emergencial, o Plano Mansueto, conjunto de ações de médio a longo prazo para esses entes, só será votado na Câmara apenas após o controle da Covid-19.

O novo projeto deverá prever, por exemplo, a suspensão de dívidas, linhas de financiamento para os estados, novos limites de endividamento neste ano e o adiamento do prazo para pagamento de precatórios (dívidas a pessoas físicas ou empresas por decisão judicial).

Para tentar destravar o Plano Mansueto, enviado ao Congresso em junho de 2019, o governo e líderes partidários chegaram a articular a inclusão dessas medidas emergenciais no texto —de efeito no médio prazo —que cria um programa de estímulo ao ajuste das contas de estados e municípios. Mas a ideia não foi suficiente para reduzir as críticas ao plano.

Por isso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta terça-feira (7) que, por ora, o Plano Mansueto será substituído pela proposta emergencial de auxílio aos estados e municípios, com ações de efeito durante a pandemia.

“Estamos tentando construir isso, junto com a equipe econômica. Seria o ideal, que a gente construa uma alternativa de um texto enxuto, que trate do curto prazo”, disse Maia. Para ele, é mais fácil construir um acordo partidário para ações emergenciais.

Maia espera costurar a proposta até esta quarta (8), que pode ir a votação ainda nesta semana. Mas texto ainda precisa ser analisado pelos líderes da Casa.

“Os estados já estão perdendo arrecadação nesse inicio de abril, e nós precisamos garantir que os entes federados continuem funcionando”, argumentou o presidente da Câmara.

O Plano Mansueto prevê acesso a financiamento a estados que cumprirem alguns requisitos. São exemplos de contrapartidas: privatizar empresas dos setores financeiro, energia, de saneamento, ou de gás; reduzir em 10% os incentivos ou benefícios tributários no ano seguinte à assinatura do programa de socorro.

O Tesouro havia reservado R$ 40 bilhões, sendo R$ 10 bilhões por ano, para dar aval a empréstimos estaduais. Governadores, no entanto, avaliaram que as exigências são muito duras, o que contribuiu para o entrave do plano.