Em todo o Brasil, as companhias estaduais de saneamento têm um desafio extra – além de distribuir água potável à população e recolher e tratar o esgoto doméstico –, que consiste na despoluição das reservas que compõem o manancial de captação hídrica de cada região atendida.

A educação ambiental é, sem dúvida, a melhor e mais barata opção para a preservação das reservas. Porém, em locais onde a água já está contaminada, o que torna impróprio o seu consumo, além de gerar riscos para as espécies de vida aquática e favorecer a transmissão de doenças, é necessária a adoção de políticas públicas, a realização de investimentos financeiros e o emprego de técnicas avançadas para a despoluição.

Porém, de nada adianta iniciar a limpeza de um curso d’água sem que se eliminem as causas do desequilíbrio ambiental. Uma das principais providências a serem tomadas quando se fala em despoluir, portanto, é interromper todas as formas de lançamento de esgoto sem tratamento nas águas do rio. Seguindo essa lógica, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) tem sido, desde 2018, protagonista em ações de despoluição, graças ao Programa Revitaliza Rio das Velhas. A empresa conseguiu eliminar nove pontos de lançamento no córrego Catulo da Paixão Cearense, cujo curso deságua no córrego Fazenda Velha (também conhecido como Tamboril, afluente do Ribeirão Izidora), na capital, Belo Horizonte. A população ribeirinha, que há anos reivindicava uma providência, finamente começou a ver as águas ficarem mais claras e sem odor.

Desde agosto de 2017, quando assinou termo de compromisso com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), a Copasa destinou o investimento de R$ 530 milhões, até o ano de 2022, em obras de saneamento na bacia do rio, que possui cerca de 30 mil quilômetros quadrados  (a extensão total dentro do estado de Minas Gerais é de 800 quilômetros). Vale lembrar que no bairro de Bela Fama, no município de Nova Lima/MG, a captação de água do Rio das Velhas é responsável pelo abastecimento de toda a região metropolitana de Belo Horizonte, ou seja, cerca de 2,5 milhões de pessoas.      

Além de auxiliar na fiscalização do lançamento de esgoto não tratado no Rio das Velhas, a Copasa aprofunda estudos para utilizar o tratamento terciário do esgoto. A técnica se baseia na remoção de poluentes específicos que não são removíveis pelos métodos convencionais. A companhia quer implementar o processo em suas duas principais estações de tratamento de esgoto (ETEs), a de Arrudas e a da Onça, ambas em Belo Horizonte. Na prática, o tratamento terciário remove nutrientes como nitrogênio e fósforo, que contribuem acentuadamente para a proliferação de aguapés e o acúmulo de matéria orgânica em decomposição na água.

Pró-Mananciais

Além do Programa Revitaliza Rio das Velhas, outra contrapartida importante da Copasa é o Programa Pró-Mananciais, que busca proteger e recuperar as microbacias. Em 2018, a empresa realizou o plantio de quase 30 mil mudas nativas em matas ciliares e investiu na construção de bacias de contenção de água pluvial, usando mais de 30 mil metros para o cercamento de nascentes. Ao todo, no ano, os investimentos ultrapassaram R$ 1 milhão e, em 2019, giraram em torno de outros R$ 500 mil (estimativa ainda não totalmente contabilizada). No Rio Bicudo, o Pró-Mananciais cercou 20 mil metros de áreas de proteção, recuperou 100 quilômetros de estradas rurais e construiu 50 pequenas barragens para contenção de águas (informações do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas).

 

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