Valor Econômico
29/07/2020 

Presidente da Câmara também destacou a importância de avançar com temas ambientais e disse que pauta conservadora não é majoritária no Parlamento

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira acreditar que a maioria dos parlamentares votará pela derrubada do veto ao novo marco legal do saneamento que permitiria a prorrogação dos contratos das empresas estatais por 30 anos, mesmo que o governo apresente uma proposta alternativa, porque houve um acordo sobre isso.

O governo estudaria, segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” desta quarta-feira, propor como alternativa que as estatais pudessem prorrogar seus contratos por 20 anos para evitar a derrubada do veto.

Maia afirmou que o veto faz sentido do ponto de vista técnico, de acelerar investimentos privados, mas que houve um acordo político para incluir essa regra, sem a qual o marco sequer teria sido aprovado. “Se tivesse voto, eu não teria incluído o artigo que foi vetado. Nós participamos do acordo com o governador da Bahia, Rui Costa, e outros governadores”, disse.

“A impressão que me dá é que todos no Parlamento vão trabalhar para manter o acordo. O governo tem o direito de vetar, mas, se não tivesse o acordo, o texto nem chegaria para sanção”, afirmou. 29/07/2020 16:29:14

Base aliada Maia voltou a comentar a saída de DEM e MDB do bloco liderado pelo PP para distribuição dos cargos na Câmara e apresentação de requerimentos. Para ele, essas movimentações são “estratégias de cada partido em relação ao Parlamento e muitas vezes ao governo” e que “isso não fortalece nem enfraquece ninguém”.

Esta semana, após se dissociar de aliados mais antigos, o presidente Jair Bolsonaro resolveu fazer novo aceno à ala ideológica do governo e passou a defender novamente a aprovação deprojetos como a flexibilização do porte de armas e o ensino doméstico, que estavam parados desde o ano passado.

O presidente da Câmara comentou que o governo vem montando sua base aliada, mas mantém também diálogo com outros partidos que apoiam os projetos relacionados à economia, esta sim com apoio majoritário entre os deputados.

“Os temas de valores conservadores, das armas, do meio ambiente, essa agenda do governo tem menos apelo que a pauta econômica. Acho que ela não é majoritária”, disse, ao destacar que o DEM e MDB tem divergências com a pauta de costumes.

Maia buscou novamente dissociar a saída de DEM e MDB do “blocão” da eleição para presidente da Câmara, em fevereiro de 2021. Disse que a disputa está muito longe e é preciso antes atravessar a pandemia da covid-19. “Você já viu corrida de maratona? Geralmente tem sempre um que chamam de coelho, que sai correndo muito rápido no início nem chega no final”, comentou.

Ambiente

Maia reforçou ainda a importância de se avançar com projetos ligados ao meio ambiente para garantir a retomada do interesse dos investidores internacionais no país. Ele explicou que pediu que parlamentares ruralistas e ambientalistas estudem sobre quais pautas tem mais chances de avançar ainda em 2020.

“Mexer no meio ambiente é mexer contra milhões de brasileiros que precisam primeiro da preservação da sua floresta. E mais do que isso, precisam que aqueles que têm interesse de investir no Brasil tenham segurança para o investimento”, disse Maia.

O parlamentar do DEM afirmou ter reunido um grupo de parlamentares para que eles possam “fazer uma pesquisa, uma análise nas bancadas dos partidos e nas bancadas temáticas, para a gente avaliar o que a gente consegue votar com uma sinalização forte de um equilíbrio entre o agronegócio e o meio ambiente”.