Valor Econômico
18/01/2021

Por Lucas Hirata

A aprovação do uso emergencial de duas vacinas pela Anvisa ajudou a combater o estresse visto nos últimos dias. Ainda assim, sobram dúvidas sobre o combate à doença e a retomada da economia

O Ibovespa desacelerou a alta ao longo da tarde desta segunda-feira, mas ainda conseguiu garantir uma sessão de ganhos enquanto os investidores avaliam o cenário para imunização contra covid-19 no Brasil. A aprovação do uso emergencial de duas vacinas pela Anvisa ajudou a combater o estresse visto nos últimos dias quando, inclusive, o tema do impeachment voltou a rondar a cena doméstica. Ainda assim, sobram dúvidas sobre o combate à doença e a retomada da economia.

Após os ajustes, o Ibovespa terminou em alta de 0,74%, aos 121.242 pontos, já distante da máxima de 122.586 pontos, embora tenha interrompido a onda de vendas da última sexta-feira. Devido ao feriado nos Estados Unidos, que manteve as bolsas americanas fechadas, o giro financeiro foi mais contido, de R$ 19 bilhões.

Ações mais ligadas ao ciclo econômico e a retomada da atividade global sustentaram a valorização do índice durante boa parte do pregão. Além do início da vacinação contra covid-19 no Brasil, o pano de fundo ainda contou com dados de atividade favoráveis da China, o que ajudou papéis mais ligados a commodities. Mas, em um sinal claro de que não se trata de euforia no mercado, o bom desempenho perdeu fôlego conforme o mercado se aproximou do fechamento.

Os setores de turismo, varejo e aéreo estiveram entre os principais beneficiados do alívio. Depois de subirem cerca de 4% durante a manhã, Azul PN teve alta de 1,82% e Gol PN ganhou 1,02%, enquanto CVC ON teve alta 1,56%. Embraer ON, por outro lado, caiu 1,47%.

No domingo, a Anvisa aprovou o uso emergencial do lote inicial de duas vacinas: a chinesa Coronavac, da parceria com o Instituto Butantan, e a vacina desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. De acordo com analistas, isso é um bom sinal para o processo de imunização, mas os atritos políticos – principalmente a disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria – deixam o quadro mais delicado.

No noticiário econômico, o IBC-Br teve alta de 0,59% em novembro, ligeiramente acima das expectativas. Além disso, os dados do PIB e de produção industrial da China superaram as projeções no mercado.

Vale ON subiu 0,81% após alta nos preços de minério de ferro na China. Já no setor bancário, Itaú Unibanco PN caiu 0,51%, Bradesco ON avançou 0,43% e Bradesco PN, 0,34%. Já Banco do Brasil teve queda de 1,02% em meio a incertezas que rondam o plano de corte de custos da instituição.

Já as ações da Petrobras chegaram a renovar as máximas do dia após a informação, divulgada pelo Valor Pro, de que a estatal vai aumentar em R$ 0,1469 o preço do litro da gasolina e que vai manter o preço do diesel sem alterações. No fechamento, porém ficaram bem perto da estabilidade: a ação ordinário perdeu 0,17% e a preferencial caiu 0,18%.

A política de preços da Petrobras tem chamado a atenção no mercado nos últimos dias, principalmente após reclamações de associações de importadores de que a estatal estaria com valores defasados antes os preços lá fora. Alguns analistas já vinham argumentando que o reajuste era esperado, mas não ocorreria de forma instantânea ou diariamente e, apesar de gerar uma certa cautela no mercado, isso não era motivo para grande estresse no momento. De qualquer forma, a informação do reajuste parece trazer um certo alívio sobre as preocupações que vinham pesando nos preços – embora vale dizer que o dia já fosse positivo para a bolsa e ocorreu hoje vencimento de opções sobre ações, o que tende a gerar mais volatilidade nos ativos.

Por outro lado, o dia foi de queda nas ações do Carrefour, após o fim das negociações de fusão entre o Carrefour França e a rede canadense Couche-Tard. No fechamento, os papeís recuaram 1,43%.