Estadão
06/01/2020

Por Karla Spotorno

Miguel Ferreira, da Santander Asset Management, acredita que o País deve crescer entre 2% e 2,5% em 2020

Com R$ 284 bilhões sob gestão, a Santander Asset Management aumentou em 20% a equipe, criando uma área de fundos imobiliários e outra de fundos de infraestrutura, informou o presidente da empresa, Miguel Ferreira, ao Estadão. Essa expansão está baseada em uma expectativa de retomada para a economia em 2020.

O executivo disse que a queda nos juros deverá beneficiar o Produto Interno Bruto (PIB), pois amplia a tomada de crédito para empresas e pessoas físicas. “Prevemos que o Brasil deverá crescer entre 2% e 2,5% em 2020 e ser um dos poucos lugares com expansão da atividade (em relação a 2019). Não acreditamos que a economia global vai ter algum problema que venha a afetar o País.”

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como foi o ano de 2019 para a Santander Asset?

A indústria está em transformação, associada à queda de juros. Esse movimento tem uma série de impactos para a economia e os indivíduos. Ficou mais barato tomar crédito tanto para as empresas quanto para as famílias, o que gera um potencial de crescimento maior do PIB. As empresas passaram a ter um custo de capital menor e deverão voltar a investir. Prevemos, então, que o Brasil deve crescer entre 2% e 2,5% em 2020 e ser um dos poucos lugares com expansão da atividade no ano que vem. Não acreditamos que a economia global vai ter algum problema grave que venha a afetar o País. Com esse nível de taxa básica de juros, começa a ficar mais barato no Brasil comprar um imóvel do que alugar pela primeira vez na minha geração.

O que isso quer dizer?

Tem uma tese de real estate (mercado imobiliário) relevante para 2020, mais um efeito da Selic baixa. O poupador está carente de retornos que ele buscava em aplicações com 100% do CDI. Em 2019, então, o que vimos foi uma migração gigantesca para produtos com potencialmente maiores retornos, mas também de maior risco.

Na Santander Asset, cerca de R$ 180 bilhões do total sob gestão estão alocados em fundos de renda fixa. Por que a migração é tão lenta?

Não é lenta. A aceleração do crescimento de produtos fora da renda fixa é gigantesca. O número de cotistas em fundos de maior valor agregado (ações e multimercados) cresceu 55% nesse ano. Acho que a migração continua em 2020 muito fortemente, mas ainda levará mais tempo. É uma mudança estrutural sobre como a poupança do brasileiro está organizada nas últimas décadas.