Valor Econômico
08/05/2020

Por Taís Hirata

Ato permite rodízio de 24 horas no abastecimento de água da estatal, com prazo de normalização de mais 24 horas

A Sanepar comemorou a publicação, pelo governo paranaense, de decreto que estabelece situação de emergência hídrica no Estado e permite um rodízio de 24 horas no abastecimento de água da estatal, com prazo de normalização de mais 24 horas.

A crise hídrica do Paraná é a pior dos últimos 30 anos, segundo Abel Demetrio, diretor financeiro e de relações com investidores da Sanepar, que falou nesta sexta-feira em teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia no quarto trimestre. Hoje, a companhia já realiza um rodízio de abastecimento no Estado.

Mais cedo, a própria companhia informou que o governo do Estado tinha decretado emergência hídrica. A medida do governo, diz a Sanepar, foi motivada pela redução do volume de água disponível para captação para o consumo humano, causada pela estiagem. Os limites para a realização de rodízio podem ser extrapolados em situações emergenciais de manutenção ou decorrentes de força maior, devendo ser comunicadas para a população e órgãos de fiscalização.

Questionado sobre a possibilidade de endurecimento do rodízio, agora que o decreto foi publicado, o executivo afirmou que a empresa avalia “dia a dia” a situação dos reservatórios para tomar suas decisões. O decreto traz medidas importantes para o combate à seca, como a facilitação de licenciamento de obras necessárias, e ajuda a evitar judicialização, dado que garante um prazo de normalização do abastecimento de 24 horas. “Normalmente o sistema em Curitiba não leva mais de 10 horas para se recompor, mas é importante para evitar ações judiciais”, diz Demetrio.

A estatal tem um plano de investimento para 2020 de R$ 1,3 bilhão, que inclui obras como a construção de uma barragem na Represa do Miringuava, uma das atingidas pela seca. No primeiro trimestre deste ano, porém, foram investidos R$ 211 milhões, sendo 48% desse montante destinado a obras para o abastecimento de água.

Questionado por um analista sobre a possibilidade de revisão desse plano de investimentos, o executivo afirmou que o assunto ainda não está em discussão.

Inadimplência

A companhia e água e esgoto do Paraná afirma que o índice de inadimplência em abril ainda não foi divulgado, mas que está em linha com a taxa de março. Segundo Demetrio, o índice está longe da taxa média de 25% de inadimplência anunciada por entidades do setor. Ao Valor, a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) afirmou, em meados de abril, que a inadimplência média das companhias estaduais era de 23,91%.

No primeiro trimestre, a taxa ficou em 3,6%, que o executivo já considera fora do normal. Em relação a um possível reequilíbrio econômico-financeiro por conta das isenções a famílias de baixa renda, o executivo afirma que hoje “não há o que se falar de recomposição”, mas que o assunto “deve vir naturalmente quando pandemia passar”.