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03/04/2020

Números apurados pela Abal e pela Abralatas confirmam o país como um dos campeões mundiais no reaproveitamento de latinhas há mais de uma década

O Brasil permanece entre os maiores recicladores mundiais de latas de alumínio para bebidas. Em 2018, foram coletadas e recicladas 96,9% dessas embalagens. O que equivale dizer que foram reaproveitadas quase todas as latas que entraram em circulação no mercado, cerca de 26 bilhões de unidades. Em números exatos: das 330,3 mil toneladas de latas que foram comercializadas no período, 319,9 mil toneladas foram recicladas. O levantamento é feito com base em números apurados pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas).

Em relação a 2017, o consumo de latas de alumínio de bebidas em 2018 cresceu 8,7% e esse aumento foi acompanhado pela reciclagem, que avançou 8,1%. “O Brasil é exemplo para o mundo. Desde 2004, o nosso índice de reciclagem de latas permanece acima de 90%, o que significa que a cadeia da reciclagem tem acompanhado o crescimento do consumo, o que não é trivial”, lembra Milton Rego, presidente executivo da Abal.

“Isso é resultado do investimento da indústria do alumínio no sistema de reciclagem. Criamos pontos de coleta em todo o país e uma rede logística estruturada, que faz esse material chegar às fábricas, onde é reaproveitado. E, claro, contamos com o trabalho eficiente, dedicado e fundamental dos catadores”.

Paralelamente, os fabricantes brasileiros de latas de alumínio para bebidas entenderam as demandas dos consumidores, usaram novas tecnologias de impressão, mostraram que a embalagem é mais leve e pode ser uma opção interativa, além de ser mais fácil de transportar.

“Fatores como o aumento da demanda do consumidor por conveniência e a alteração do perfil do consumidor por produtos mais sustentáveis, levaram nossos fabricantes de bebidas a investir na expansão ou substituição de suas embalagens. Além disso, diversificamos o uso da lata: da cerveja, envasada principalmente em lata, chá, bebidas energéticas, cachaça e, agora, a água mineral também mostra movimento para as latas”, ressalta o presidente executivo da Abralatas, Cátilo Cândido.

O índice elevado de reaproveitamento das latas revela não só a eficiência do processo de reciclagem, mas também evidencia a firme decisão da indústria por essa prática sustentável. Estudos mostram que o processo de reciclagem consome apenas 5% da energia que seria utilizada na produção da mesma quantidade de alumínio primário. A Análise de Ciclo de Vida da lata aponta também que a reciclagem reduz em 95% a emissão de gases de efeito estufa.

Outra vantagem ambiental da reciclagem está relacionada à redução do impacto na mineração. Cada quilo de latinha reciclada representa uma economia de cinco quilos de bauxita, minério que dá origem ao alumínio, que deixa de ser extraído para a produção de alumínio primário.

Na área social, a atividade tem reflexo na geração de renda para os catadores de materiais recicláveis, além de estimular maior consciência da sociedade sobre a importância da reciclagem e da conservação dos recursos naturais. Somente na etapa da coleta da latinha, R$ 1,6 bilhão foram injetados diretamente na economia brasileira em 2018. O montante corresponde a 1,8 milhão de salários mínimos ou a remuneração de 1 salário mínimo por mês para a população de uma cidade com cerca de 150 mil habitantes.

Economia verde

Cândido destaca que a sustentabilidade da lata de alumínio é um dos seus principais pilares para conquistar o mercado na indústria de bebidas.

“O desafio no Brasil é aumentar o envolvimento do consumidor nessa causa. Acredito que nossas embalagens tenham uma grande sinergia com a geração que está alcançando o poder de compra. Com esse crescimento potencial, prevejo um mercado em expansão dentro de cinco anos, com uma ampla gama de produtos, mais fábricas e, o mais importante de tudo, a população reconhecerá a lata como a embalagem mais sustentável do planeta.”

A reciclagem poderia ganhar ainda mais eficiência, caso a sucata do alumínio fosse desonerada. Hoje, graças a um sistema de impostos complexo e cumulativo, a lata é taxada em cadeia, da manufatura até chegar às mãos do consumidor. Depois, ao entrar no sistema de reciclagem, essa lata paga uma série de impostos novamente. Um regime fiscal que incentivasse processos sustentáveis de produção iria conferir mais competitividade ao produto reciclado, além de melhorar a capacidade de estruturação da indústria. Essa proposta, que conta com o apoio da Abal e da Abralatas, é defendida pela Frente Parlamentar da Economia Verde nas discussões sobre a reforma tributária no Congresso Nacional.

Fonte: Guia da embalagem.