Por André Ramalho, Rodrigo Polito e Rita Azevedo – Valor Econômico

27/02/2019 – 05:00

Depois de um ano difícil do ponto de vista operacional, em 2018, a BR Distribuidora espera começar a recuperar as suas vendas a partir deste ano. No ano passado, a empresa viu o seu volume de vendas cair 1,6% nos postos e perdeu fatia de mercado para a concorrência, mesmo tendo aumentado a sua rede varejista. Ainda assim, conseguiu fechar o ano com lucro recorde, impulsionada por acordos de confissão de dívida com o setor elétrico e pelo aumento dos preços médios praticados.

Diante da alta dos preços de realização, a companhia conseguiu ampliar em 15,6% as suas receitas líquidas, para R$ 97,77 bilhões. Já o lucro líquido atingiu os R$ 3,193 bilhões, aumento de 177% ante 2017, influenciado positivamente pelo reconhecimento dos instrumentos de confissão de dívida com as distribuidoras e ex-distribuidoras da Eletrobras, no valor de R$ 1,6 bilhão. Um acordo extrajudicial com o Mato Grosso, para encerrar um passivo fiscal com o Estado, sobre a cobrança de ICMS, contribuiu com mais R$ 645 milhões.

Com os ganhos recordes, a BR informou que vai propor, em assembleia, que 95% do lucro do exercício seja destinado à distribuição de dividendos totais brutos de R$ 3,033 bilhões. Desse valor, serão deduzidos R$ 563 milhões referentes à antecipação de juros sobre capital próprio.

Em termos operacionais, contudo, o ano foi de dificuldades. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a empresa perdeu participações nos mercados de diesel (0,22 p.p, para 30,85%), gasolina (0,17 p.p, para 24,09%) e etanol (0,6 p.p., para 17,1%). O volume de vendas recuou 1,6% nos postos e 8,4% entre grandes consumidores.

O diretor de rede de postos e varejo da BR, Marcelo Bragança, no entanto, destacou que as vendas da empresa já deram alguns sinais de recuperação no quarto trimestre. Na ocasião, houve um aumento no volume vendido nos postos de 2% frente ao terceiro trimestre de 2018. Na comparação com o quarto trimestre de 2017, a alta foi de 0,2%.

“De fato, por tudo o que aconteceu no ano [de 2018], com o consumidor sensível a preço e com a mudança forte de mix para etanol, tivemos algumas dificuldades. Mas acreditamos, até por todas as medidas de saneamento que fizemos e por causa do foco muito grande em relacionamento e em melhorar a performance da nossa rede, que os resultados, em termos

de recuperação de volume, tendem a começar a aparecer ao longo de 2019”, disse, durante teleconferência com analistas, ontem.

A rede de postos representa cerca de 60% das receitas da companhia. Em 2018, a BR investiu R$ 934 milhões no embandeiramento e manutenção de sua rede, para aumentar em 3,4% (num total de 253) o número de postos, para 7.665 pontos de revenda. Por outro lado, a empresa reduziu o número de lojas de conveniência BR Mania, como parte de um processo de “saneamento” da rede. A BR fechou 2019 com 1.247 lojas, ante os 1.348 de 2017.

A BR Partners, assessora financeira contatada pela companhia, iniciou recentemente a etapa de avaliação e seleção de potenciais interessados em parceria estratégica no segmento de lojas de conveniência BR Mania. Bragança afirmou que a BR trabalha com um “modelo preferencial”, mas que a empresa ainda não fechou um modelo. A ideia é manter aberto o diálogo com os potenciais interessados.

“Estamos conversando e ouvindo o que os potenciais parceiros podem trazer de modelos e oportunidades… Ele [o modelo da parceria] é bem amplo, pode ir desde de uma JV [joint venture] societária até meramente a algum acordo operacional para destravar valor em algumas etapas da cadeia de valor desse negócio”, disse.