Dia Internacional da Mulher: O impacto do saneamento na vida das mulheres

Por Michelle Dioum, com supervisão de Rhayana Araújo

Este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, marca a luta das mulheres por igualdade de direitos e oportunidades em todas as áreas da sociedade. Neste ano, a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) aborda, dentre outras temáticas, o impacto do saneamento na vida das mulheres. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a escolha da data para a celebração se deve ao movimento russo “Pão e Paz”, em 1917, e a marcha de mais de 10 mil mulheres pela cidade de Nova York exigindo melhores cargas horárias de trabalho, salário digno e direitos ao voto. O Dia Internacional da Mulher possui o objetivo de reforçar as demandas das mulheres por todo o mundo.

Anualmente, um assunto é escolhido pela ONU para o aprofundamento do debate na data. No ano de 2023, em alinhamento a necessidade de inclusão das mulheres nos processos tecnológicos, sustentáveis e inovadores dos setores, o tema é “Por um mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para a igualdade de gênero”. Segundo o relatório UN Women’s Gender Snapshot 2022, da ONU Mulheres, o mundo perdeu 1 trilhão de dólares do produto interno bruto, na última década, devido à ausência de mulheres nas áreas de tecnologia e na era digital.

Em relação ao impacto do saneamento na vida das mulheres no Brasil, um estudo promovido pela BRK Ambiental evidencia que mulheres ainda são as mais prejudicadas pela falta de saneamento básico no país. E dentro desse recorte, a maioria dessas mulheres é negra. Segundo o Fundo de População (Agência de Cooperação Internacional das Nações Unidas), as mulheres se deslocam em média 6 km por dia em países pobres, transportando 20 litros de água, principalmente negras e indígenas. O que, apesar das tristes circunstâncias, mostra além da força e poder, o papel que a mulher tem na garantia do acesso à água nas famílias. Além das atividades do dia a dia, as mulheres costumam ser as responsáveis pelas tarefas domésticas, ao trabalho de cuidado e, ao serem afetadas por problemas relacionados ao saneamento, precisam se dedicar exclusivamente aos cuidados com a família. Com o bem-estar limitado, elas sofrem consequências na saúde, na educação e no tempo dedicado às atividades domésticas e econômicas.

Os dados sobre a relação da conjuntura das mulheres brasileiras e os serviços de saneamento apontam a necessidade da ampliação do acesso para o aumento da produtividade e qualidade de vida desse grupo populacional. 41,4 milhões de mulheres brasileiras (38,2% da população feminina) residem em casa sem coleta de esgoto. 24,7 milhões de mulheres — uma em cada quatro — não são abastecidas com água tratada com regularidade. O acesso universal ao saneamento básico tiraria 18,4 milhões de mulheres da condição de pobreza. O número de mulheres vivendo abaixo da linha de pobreza passaria de 21,7 milhões para 3,4 milhões graças ao acesso universal ao saneamento. Nas regiões Norte e Nordeste, uma em cada duas mulheres não recebe água tratada. 2,5 milhões de mulheres não têm banheiro em casa.

A falta de saneamento básico impacta desproporcionalmente a vida das mulheres, especialmente nas áreas rurais e pobres. É fundamental destacar a relação da igualdade de gênero com os desafios enfrentados pelas mulheres em áreas de desastres naturais para assegurar o acesso ao saneamento e como os efeitos da falta de medidas que transformem essas realidades impactam a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A Aesbe relembra, no Dia Internacional da Mulher, que todas as mulheres têm direito a um ambiente saudável, seguro e investir em saneamento básico lutando pela universalização é primordial para a melhoraria da vida das mulheres, bem como de toda a sociedade. O trabalho para universalizar os serviços de saneamento no Brasil e a luta pela equidade de gênero é um compromisso da entidade. A luta das mulheres por direitos básicos nos traz diversos recortes que cada dia mais precisamos debater e movimentar, a fim de que possamos construir um mundo mais justo e igualitário. A Aesbe apoia e respeita todas que até aqui lutaram (e ainda lutam) pela construção de um cenário mais justo, humano e de acesso! 

Podcast É Básico e o impacto do saneamento na vida das mulheres

O episódio #35 do Podcast É Básico, da Aesbe, reuniu convidadas que representam lideranças do saneamento nacional e ressaltam a importância de debates acerca da igualdade de gênero dentro do setor. O episódio conta com a participação de Juliana Matos, presidente do Instituto Mulheres do Saneamento (Musas); e Geny Formiga de Farias, engenheira Civil, da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN).

No episódio, que será lançado na sexta-feira (10), as convidadas discorrem sobre o impacto do saneamento na vida das mulheres, traçam um panorama da desigualdade de gênero no setor e contextualizam a luta das mulheres na garantia de direitos. “Na construção da história do saneamento brasileiro sempre houve participação feminina, porém, ainda hoje, o número de mulheres que lideram e ocupam cargos de direção de empresas no setor é mínimo”, frisou a gerente de Comunicação da Aesbe e apresentadora do episódio, Rhayana Araújo. O episódio 35 do É Básico também conta com a apresentação de Wendell Barbosa, assessor de Comunicação da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), e conta com a produção de Rhayana Araújo, e edição de Marcos Monteiro, TI da Aesbe.

Compartilhe

Confira também nossas publicações

Veja todas nossas
edições anteriores