Com recorde de público, 3° Fórum Internacional Universalizar conclui segundo dia tornando-se um evento referência no setor do saneamento

Fortaleza voltou a ser palco, nesta sexta-feira (11), de importantes debates sobre o futuro do saneamento básico no Brasil e no mundo. O segundo dia do 3º Fórum Internacional Universalizar — realizado pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) — reforçou o papel do setor frente aos desafios da COP30 e da inclusão social em territórios vulneráveis.

Com o tema “A universalização do saneamento e COP30: estratégias e parcerias para infraestrutura sustentável”, o evento reafirmou seu compromisso ambiental ao se declarar como evento neutro em carbono e resíduo zero, adotando práticas de compensação ambiental e gestão inteligente de resíduos.

A programação teve início com o Painel 5 – COP30 no Brasil: ações para alavancar debates acerca do setor de saneamento, mediado por James Serrador, presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (CAER) e integrante do Conselho Fiscal da Aesbe. Em sua fala, Serrador destacou que o debate sobre o clima não pode ser dissociado da pauta do saneamento, lembrando que os efeitos das mudanças climáticas afetam diretamente os sistemas de água e esgoto em todo o país.

A apresentação principal do painel ficou a cargo de AntonioMiranda, especialista em gestão e serviços de saneamento. Miranda ressaltou que a COP30, que será sediada pelo Brasil em 2025, representa uma oportunidade estratégica para inserir o saneamento como pauta central no enfrentamento à crise climática. Segundo ele, não há política climática efetiva sem uma política de saneamento robusta e integradora. Ele defendeu a articulação entre empresas, governos e prefeituras para impulsionar investimentos em infraestrutura sustentável, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade.

Como debatedor, o presidente da Funasa, Alexandre Mota, reforçou a importância da atuação integrada entre diferentes esferas de governo e mencionou iniciativas da fundação voltadas à promoção do acesso à água e esgotamento sanitário em áreas rurais e periferias urbanas. Ele pontuou a criação da Casa do Saneamento para a COP30, a qual será fundamental para a ampliação da discussão sobre o saneamento durante a conferência.

Na sequência, o CEO da patrocinadora premium HouerConsultorias e Concessões, Gustavo Palhares, conduziu o workshop “Modelagem, gestão e valoração de ativos em contratos de PPPs e concessões na área do saneamento”. Durante sua apresentação, Palhares abordou metodologias para avaliação eficiente de ativos em projetos de Parcerias Público-Privadas, destacando a importância de uma gestão baseada em dados e na previsibilidade econômica.

Outro momento de destaque foi a apresentação do documento “Saneamento e mudanças climáticas: diretrizes das empresas de água e esgoto para enfrentamento dos eventos anormais”, conduzida por Sérgio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe e por Paulo Henrique Reis, gerente de responsabilidade socioambiental da Cedae. O documento apresenta propostas e medidas a serem adotadas pelas companhias de saneamento para mitigar os impactos dos eventos extremos, como secas e enchentes. Gonçalves ressaltou que “os efeitos das mudanças climáticas já estão batendo à nossa porta”, e que é necessário um reposicionamento do setor diante dessa realidade. O documento final será divulgado para a COP30.

Em seguida, foi realizado o Painel 6 – Saneamento rural e em áreas vulneráveis: experiência de casos, com mediação de Cleverson Brancalhão, presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd). O painel reuniu experiências internacionais e nacionais que demonstram como o saneamento pode ser ferramenta de transformação social.

A gestora de programas do Ministério de Saneamento e Recursos Hídricos de Gana, Charlotte Akwaah-Adjei, compartilhou práticas desenvolvidas em comunidades rurais ganesas. Segundo ela, os desafios são semelhantes aos enfrentados no Brasil: escassez de recursos, dificuldade de acesso e barreiras culturais. No entanto, destacou que a participação comunitária tem sido um diferencial nos resultados alcançados em seu país.

Em seguida, o professor da University College London (UCL), Michael Walls, apresentou uma análise comparativa de políticas públicas de saneamento na Europa e em países em desenvolvimento.

Como debatedores, participaram do painel Marcondes Ribeiro, presidente do Instituto SISAR, e Marcos Cals, secretário executivo de Saneamento do Governo do Ceará. Marcondes destacou o papel do modelo SISAR no empoderamento de comunidades do semiárido brasileiro, que passam a gerir seus próprios sistemas de abastecimento de água. Já Cals ressaltou o esforço do governo cearense em levar saneamento a áreas urbanas periféricas, reforçando a importância da articulação entre políticas públicas e ações educativas.

Já o Painel 7 abordou os estudos de casos globais de desestatização do saneamento, com apresentação da professora Maria Salvetti, da Universidade de Florença. Salvetti compartilhou um estudo de caso, destacando os pontos positivos e negativos.

A mediação do painel ficou a cargo de Rafael Castilho, coordenador dos MBAs da FESPSP, e o debate foi enriquecido com a participação de Felipe Cascaes Sabino, superintendente da ABDCON/SINDCON, que trouxe reflexões sobre o papel das parcerias público-privadas no contexto brasileiro. Ao final, os participantes puderam enviar perguntas por meio de aplicativo interativo, promovendo diálogo direto com os painelistas.

Na sequência, o público acompanhou o Momento Enorsul, com a participação do diretor da empresa, WaldecirColombini. Representando a patrocinadora ouro do seminário, Colombini destacou iniciativas da Enorsul voltadas à eficiência operacional e à sustentabilidade no setor de saneamento, em uma palestra de 25 minutos.

Outro momento de destaque foi a apresentação de case da empresa Smartts Utilities, patrocinadora da cota sustentabilidade do evento. Os especialistas Mário Bággio e Luiz Cláudio Drumond apresentaram a palestra “Gestão e Tecnologias Inteligentes no Saneamento: Redução de Perdas como Caminho para a Sustentabilidade”. Eles mostraram como o uso de soluções tecnológicas contribui para minimizar perdas e aumentar a eficiência do sistema, beneficiando empresas e a população atendida.

Encerrando a programação de painéis, o evento promoveu o debate “Diálogos sobre Regulação, Tarifas, Subsídios e Eficiência no Saneamento”. A palestra principal foi ministrada por Marcus Vinícius Fernandes Neves, presidente da Cagepa eex-presidente da Aesbe. Ele abordou os desafios regulatórios e os mecanismos de subsídios como instrumentos essenciais para garantir o acesso equitativo e sustentável aos serviços.

O painel teve mediação de Clécio Cruz, diretor técnico e operacional da Embasa, e contou com as contribuições dos debatedores Rafael Maia de Paula, presidente da Agência Reguladora do Ceará (Arce), e Alexandre Anderáos, superintendente substituto de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Os especialistas discutiram modelos tarifários, critérios de eficiência e o papel estratégico das agências reguladoras na construção de um setor mais justo e eficiente.

Após os debates, foram entregues os certificados aos participantes. O encerramento oficial do evento contou com a presença das seguintes autoridades: Neuri Freitas, presidente da Aesbe e da Cagece; Sérgio Antônio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe; Rafael Castilho e Elcires Pimenta, coordenadores dos MBAs da FESPSP.

Ao final do dia, o público foi convidado a participar do coquetel de encerramento, com apresentação musical de Sandrinha e Banda, e do desfile do programa Reciclocidades,projeto de Responsabilidade Social da Companhia de Águas e Esgotos do Ceará (Cagece), que busca gerar trabalho e renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Utilizando resíduos sólidos, como jornal, papel/papelão, lona vinílica e plástico, as participantes desenvolvem habilidades artesanais e transformam esses materiais em novos produtos, promovendo impactos positivos nas esferas econômica, social e ambiental.

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