Marcado por discussões que buscam o desenvolvimento do saneamento no Brasil, o primeiro dia do 3º Fórum Internacional Universalizar reuniu autoridades, especialistas e representantes de empresas públicas e privadas para discutir estratégias de universalização do saneamento em consonância com a agenda climática global e a COP30. Promovido pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) o evento tem como tema central “A Universalização do Saneamento e COP30: estratégias e parcerias para infraestrutura sustentável” e conta com um número recorde de palestrantes internacionais em sua programação. O evento segue até esta sexta-feira (11). Acesse as fotos do primeiro dia aqui.
O Fórum conta com o apoio de empresas que fortalecem o setor de saneamento. No patrocínio premium, a Houer Consultorias e Concessões. No patrocínio ouro, Enorsul, Unipar e Vector Sistemas de Automação. No patrocínio sustentabilidade, a Smartts Utilities. No patrocínio prata, Aquamec Indústria e Comércio de Equipamentos e Passareli Engenharia e Construção. Já no patrocínio bronze, ABRATT, Construtora Augusto Velloso, FIMM Brasil, Sanit Engenharia e Telar Engenharia e Comércio. No patrocínio apoio, Transágua e CDG Engenharia.
Logo na abertura, autoridades como Neuri Freitas, presidente da Aesbe e da Cagece, Elcires Pimenta, da FESPSP, Rolando Chamy Maggi, presidente da AIDIS, e o professor Michael Walls, da University College London (UCL), destacaram a importância do debate em torno do saneamento como ferramenta estratégica de enfrentamento às mudanças climáticas.
Para Neuri Freitas, hoje a universalização do saneamento não se trata apenas de levar os serviços para todos. Segundo ele, agora esse tema vem carregado de uma responsabilidade ainda maior: universalizar com sustentabilidade.
“A realidade das mudanças climáticas está aí, escancarada, e é impossível ignorar. O setor de saneamento precisa agir. Precisamos entender como os eventos extremos – como as inundações cada vez mais frequentes ou as secas em regiões onde isso nunca foi comum – estão impactando diretamente a nossa capacidade de prestar um serviço de qualidade.Estamos vendo rios secarem, perdendo fontes de captação e, com isso, enfrentando desafios inéditos para manter o abastecimento. Não dá mais para separar meio ambiente e saneamento. Pensar em universalização hoje é, necessariamente, pensar também em resiliência, em adaptação e em soluções sustentáveis.”, conclui o presidente da Aesbe e da Cagece.
Em consonância a isso, Elcires Pimenta ressaltou que é preciso “moldar o saneamento e fazer com que essa área tão fundamental para a saúde e a educação seja um setor que nos orgulhe enquanto brasileiros, pelo avanço.”
O professor Michael Walls reforçou a ideia de que a universalização do saneamento vai além do acesso à água e ao esgotamento sanitário. “Ela está ligada à transição energética, à saúde humana e à sustentabilidade. Não é um objetivo em si, mas um meio para outros avanços sociais e ambientais”, afirmou.
Abrindo a programação do evento, a palestra magna do presidente da AIDIS, Rolando Chamy Maggi, trouxe um panorama preocupante sobre os impactos das mudanças climáticas no contexto da América do Sul e Caribe. Ele destacou que, no futuro, o mundo deve enfrentar um novo tipo de migração: “Teremos imigrantes não por razões econômicas nem políticas, mas sim por questões climáticas. As pessoas terão que se mudar por causa das mudanças no clima.” Ainda segundo Chamy, “muita gente está pessimista com o nosso planeta, mas o mundo sanitário quer que nossas políticas avancem – e avancem da maneira correta.”
Em seguida, os participantes também puderam acompanhar momentos institucionais como o Momento Vector, empresa patrocinadora ouro do evento, o diretor executivo da Vector, Tiago da Silva Rodrigues, apresentou a palestra “Perspectivas sobre a Automação do Saneamento no Brasil”.
Ao longo do evento, diversos painéis abordaram temas centrais para o futuro do setor. No Painel 1, a pesquisadora Maria Salvetti, da Universidade de Florença, apresentou uma introdução aos modelos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) aplicados ao saneamento, destacando exemplos de governança e sustentabilidade. A mesa contou ainda com a participação da especialista Marisa Capriglioni (Sanepar) e moderação de Elcires Pimenta.
Durante o Painel 2, voltado à transformação digital, especialistas de países com sistemas universais compartilharam experiências bem-sucedidas. Participaram do painel Claudio Jesus (Grupo Águas de Portugal), Stefan Löblich (AST Ambiente), Simon Jabornig (SFC Umwelttechnik GmbH), Walter Placido (LAVORO Solutions) e Fuad Moura, da Câmara Técnica de Inovação da Aesbe. A mediação foi feita por Neuri Freitas.
O Painel 3 aprofundou o debate sobre mudanças climáticas, transição energética e saneamento, com palestra de Michael Walls e participação de Neuri Freitas como debatedor. A mediação ficou por conta de Munir Abud, vice-presidente Regional Sudeste da Aesbe e presidente da Cesan.
Encerrando o ciclo de debates, o Painel 4 tratou dos investimentos internacionais no saneamento, com palestra de Dominique Hautbergue, diretor regional da AFD Brasil e Cone Sul, e Roberto Balls Sallouti, CEO do BTG Pactual. O painel também contou com a presença de Márcio Leão Coelho, diretor do Ministério das Cidades, como debatedor, e Marcus Pereira Aucélio, da Caesb, como moderador.
A programação foi encerrada com um coquetel de abertura, promovendo um espaço de networking entre os participantes e reforçando a construção de alianças para um saneamento público universal, eficiente e ambientalmente responsável.
Sobre o 3º Fórum Internacional Universalizar
Com o tema central “A Universalização do Saneamento e COP30: estratégias e parcerias para infraestrutura sustentável”, o 3º Fórum Internacional Universalizar se propõe a ser um ponto de encontro fundamental para profissionais do setor de saneamento, pesquisadores e líderes globais. O evento visa a construção de um diálogo global sobre as estratégias necessárias para universalizar o saneamento básico e enfrentar as questões climáticas, alinhando as discussões com as diretrizes da COP30 e a busca por infraestrutura sustentável.
Como de praxe, o Fórum conta com a participação de renomados acadêmicos da University College London (UCL), da Universidade de Florença e de outras instituições prestigiadas. A edição deste ano será ainda mais rica, com a participação inédita de representantes de países da América do Sul e Caribe, ampliando o impacto e a diversidade de perspectivas no evento.
O 3º Fórum Internacional Universalizar busca destacar não só a universalização do saneamento como um direito humano, mas também a necessidade urgente de criar infraestruturas resilientes diante das mudanças climáticas.