Maior companhia francesa de engenharia consultiva, a Egis pretende expandir a atuação no Brasil, onde fincou os pés em 2010 por meio da compra de empresas especializadas em estudos e projetos de mobilidade urbana, aeroportos e rodovias (Vega, Aeroservice e Lenc, respectivamente). Em 2015, elas foram integradas na Egis – Engenharia e Consultoria, que está de olho em projetos sobretudo nas áreas de água e transporte no país, onde fatura R$ 165 milhões.

A despeito de a receita não ter crescido nos dois últimos anos, a Egis subiu no ranking da engenharia no Brasil, no vácuo aberto por empresas que tiveram redução no faturamento. Desde que chegou ao país, forneceu serviços para 20 aeroportos, por exemplo. “Há dois anos éramos o 11º e em 2017 fomos o 6º, sem que o faturamento tenha mudado. A concorrência caiu”, diz JeanFrançois Cazes, diretor geral adjunto de desenvolvimento, citando o ranking publicado no ano passado pela revista “O Empreiteiro”, que reúne as 500 maiores empresas nas áreas de engenharia e construção. “Já nos sentimos satisfeitos de pelo menos não ter perdido faturamento. Vamos continuar investindo no Brasil. No setor da água o potencial é muito grande e as necessidades também. Não subestimamos as dificuldades enfrentadas pelo Brasil, mas que país no mundo não tem dificuldades?”

O executivo não especificou qual o valor dos futuros investimentos nem quando devem ser feitos. Mas destacou que o desembolso realizado até agora no Brasil, com a compra das três empresas mais o investimento no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), onde tem uma participação minoritária, superou o faturamento atual no país. “Foi significativo diante da capacidade global do grupo. O país é realmente importante para o tipo de atividade que desenvolvemos e não apenas no curto prazo.” No mundo todo, a Egis teve receita acima de € 1 bilhão em 2016. Quase 40% dos negócios estão na França.

A estrutura acionária da companhia é dividida entre a Caisse des Dépôts, organismo francês de financiamento, com 75%, e a Iosis Partenaires, um grupo de acionistas composto por executivos e funcionários, com o restante. Segundo Cazes, a Egis tem a preocupação em produzir impactos positivos sociais e ambientais já na concepção do projeto. Almeja ser uma das líderes do que chama de engenharia sustentável. “Nossa missão no grupo é contribuir para os desafios impostos pelo planeta.

Como a transição social”, afirmou Cazes. A perspectiva para o Brasil neste ano e em 2019 é de que o nível de atividade aumente com o lançamento das licitações de infraestrutura. Uma das ambições da Egis é fazer a engenharia ferroviária e contribuir com a experiência mundial em metrô e VLT, mas pouca coisa saiu do papel no Brasil. A empresa lida com empreendimentos de fôlego. Está envolvida na reconfiguração do metrô de Paris, projeto que deverá ter muitos impactos ambientais e sociais. Além da atuação como empresa de engenharia e consultoria, a Egis não descarta eventualmente participar da formação de consórcios para disputar a concessão da operação de ativos de logística, como rodovias.

A empresa já atua como operadora, com participação de um dígito no consórcio com a UTC e a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) que é sócio da Infraero na concessão de Viracopos. Mas vem sendo diluída ao não fazer novos aportes. “É uma participação muito limitada”, disse Cazes, indicando que o aeroporto não é o foco principal no país. O importante, afirmou, é que Viracopos volte a ser rentável. A repórter viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da França.