“A política pública de saneamento se reforça com a participação privada em regime de cooperação”, afirma o diretor-presidente da Corsan

Gauchazh

22/03/2018 – 03h00min

No dia 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água. Em Brasília está acontecendo o 8° Fórum Mundial da Água, o primeiro na América Latina. O Brasil não foi escolhido por acaso. Detém 12% da água superficial do planeta. Vantagem imensurável em relação a regiões que já deparam com enorme escassez. Não permite que nos acomodemos. Acabamos de atravessar, no Rio Grande do Sul, período de ausência ou pouca chuva. Para evitar ou minimizar efeitos de estiagens, precisamos investir em proteção das nascentes, recuperação das margens dos cursos de água, construção de barragens e açudes. Contudo, são as cidades que apresentam as maiores vulnerabilidades frente à escassez.

Oitenta por cento da população brasileira está em áreas urbanas, na região litorânea, onde a disponibilidade é bem menor. Transposição de bacias, grandes sistemas adutores e dessalinização da água do mar começam a ser soluções viáveis. Obras caras, de operação onerosa e que demandam tempo. E, mais, medida urgente e que diz respeito também à manutenção dos mananciais é o tratamento do esgoto. Enfrentaremos os dois desafios.

Para abastecimento de água, junto ao BID buscamos financiamento de US$ 200 milhões. Serão aplicados na RMPA, Serra, Santa Cruz e Passo Fundo. Já para esgoto, com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), empréstimo para o sistema Gramado/Canela. Recursos do PAC na ordem de R$ 1 bilhão; ainda pelo Avançar Cidades do governo federal e recursos próprios. Para concluir a implantação de serviços de esgotos faltam cerca de R$ 15 bilhões. Sistemas mistos, serviço de limpeza e tratamento de lodos de fossas sépticas, soluções progressivas, capazes de reduzir custos imediatos de implantação se mostraram insuficientes, razão pela qual partimos para a PPP com vistas à universalização, em 11 anos, dos serviços de esgoto em nove cidades da RMPA.

A política pública de saneamento se reforça com a participação privada em regime de cooperação, atende ao interesse público com custos menores e assume parte dos riscos que cabiam unicamente à Corsan. É o montante dos recursos, mas também a rapidez requerida para sua transformação em obras, que exige maior colaboração público-privada.

Os desafios são grandes, mas temos meios de vencê-los.