Valor Econômico
27/04/2020

Por Felipe Frisch

Esta foi a 11ª semana seguida de redução nas projeções para economia brasileira

A mediana das projeções do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 recuou pela 11ª semana seguida, agora de -2,96% para -3,34%, no Relatório Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira com estimativas coletadas até o fim da semana passada.

O corte reflete as mudanças nas expectativas anunciadas por bancos, corretoras, gestoras de recursos e consultorias nas últimas semanas, após o aumento dos receios quanto aos efeitos da pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus, na economia. Algumas instituições já projetam retração de 5% ou maior para o PIB brasileiro em 2020.

Para 2021, o ponto-médio das expectativas também caiu, de 3,10% para 3,00%, interrompendo o incipiente otimismo com uma pelo menor parcialmente compensadora recuperação no ano que vem, iniciado cerca de um mês atrás, quando essa mediana ainda estava em 2,50%, praticamente o mesmo percentual desde que o Banco Central começou a coletar as estimativas dos economistas para o período, em março de 2017.

Inflação

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2020 teve nova queda, 2,23% para 2,20%. Para 2021, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu em 3,40%.

Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial manteve-se em 1,56% para 2020 e 3,10% para 2021.

Para os 12 meses seguintes, a pesquisa indicou alta, de 2,86% para 2,93%, no IPCA acumulado.

A meta de inflação a ser perseguida pelo BC é de 4,00% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% para 2022, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Juros

A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2021 caiu de 4,50% ao ano para 4,25% ao ano entre os economistas do mercado.

Entre os economistas do Top 5, o ponto-médio para a Selic no fim de 2021 manteve-se em 3,88% ao ano, possivelmente devido a uma divisão das estimativas entre os dois extremos próximos, de 3,75% ao ano e 4,00% ao ano.

Para 2020, a projeção para a Selic permaneceu em 3,00% ao ano entre os economistas em geral e 2,50% ao ano entre os campeões de acertos.

Dólar

A mediana das estimativas para o dólar no fim de 2021 foi elevada pela sexta semana consecutiva, agora de R$ 4,50 para R$ 4,55. Para 2020, o ponto-médio das projeções permaneceu em R$ 4,80.

Entre os economistas do Top 5, a mediana das apostas manteve-se em R$ 5,08 no fim de 2020 e R$ 5,20 no de 2021.