Simone Kafruni – Valor Econômico

MME afirma que os níveis de reservatórios não estão bons, mas o sistema elétrico tem condições de garantir o abastecimento mesmo com retomada da economia

O ministro admitiu, contudo, que há uma expectativa de preço alto

O ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, garantiu, nesta quinta-feira (5/10), que o país não corre risco de desabastecimento de energia, apesar de a expectativa de chuvas, no próximo período úmido, não ser otimista. “O nível dos reservatórios não está bom, mas também não é o pior da história. E, hoje, nós temos uma condição muito confortável em termos do sistema elétrico”, afirmou.

Segundo ele, os meteorologistas que assessoram o Operador Nacional do Sistema Elétrico (OSN) dizem que umidade que normalmente se forma na Amazônia está demorando a se formar. “O solo está mais seco e isso pode significar um atraso no período úmido, e uma hidrologia inferior à média. Aliás, os períodos úmidos dos últimos cinco anos tem sido bastante inferiores. No Nordeste, estão à metade”, ressaltou.

Apesar da falta de chuvas, o ministro interino explicou que o governo está trabalhando pelo lado da oferta. “O CMSE (Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico) contabilizou a entrada de quase 5 mil megawatts (MW) de energia nova este ano. O crescimento da demanda foi muito baixo, por conta da crise, e isso levou a um excesso de capacidade”, disse.

Pedrosa destacou que o país está avançando nas linhas de transmissão que transportam a energia dos projetos estruturantes do Norte do país. “Os linhões vão estar disponíveis, no início do próximo ano, para levar grandes blocos de energia para o mercado do Sudeste. Então, nossa condição de atendimento não é comparável a momentos do passado em que houve estresse do sistema. Temos conforto no atendimento”, assegurou.

O ministro admitiu, contudo, que há uma expectativa de preço alto. “O mais correto é dar transparência. Nós estamos praticando a verdade. Está chovendo pouco e o custo da energia vai ficar mais alto. O uso racional da energia é bom para o país e para todo mundo”, alertou.

Segundo Pedrosa, o setor elétrico está preparado até mesmo para uma retomada econômica. “A oferta para os leilões foi enorme, muitas vezes maior do que nossa capacidade de consumir energia. Há tranqüilidade em relação a isso”, disse, durante evento promovido pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) para debater o aperfeiçoamento do marco regulatório do setor.