Por Paulo Vasconcellos | Para o Valor, do Rio

Comprometidas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as empresas brasileiras signatárias do Pacto Global da ONU enfrentam agora o desafio de avaliar se seus negócios são compatíveis com as metas traçadas ou se podem fazer mais e melhor.

Esse é um dos resultados do estudo “integração dos ODS na Estratégia Empresarial – Uma contribuição do Comitê Brasileiro do Pacto Global para a Agenda 2030” ao avaliar 21 empresas brasileiras. “Os objetivos de desenvolvimento sustentável são o novo padrão de sucesso nos negócios”, diz Denise Hills, presidente do Grupo de Trabalho ODS da Rede Brasil do Pacto Global.

A rede brasileira é a quarta maior do mundo. São mais de 700 grupos corporativos que assinaram um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) para erradicar a pobreza, acabar com a fome, reduzir as desigualdades e combater as alterações climáticas, além de outros 13 compromissos.

A Embraer, signatária desde 2008, vai definir metas para todos os ODS a partir do plano diretor que entra em vigor no ano que vem em busca de um melhor enquadramento dos negócios e dos objetivos de desenvolvimento sustentável. “A empresa tem uma tradição na agenda da sustentabilidade”, diz Mariana Luz, diretora de sustentabilidade da Embraer.

A nova matriz define oito grandes temas: ética, transparência e compliance, sustentabilidade econômico-financeira, segurança do produto, desenvolvimento de pessoas, pesquisas em desenvolvimento e inovação, emissões atmosféricas, saúde, segurança e bem-estar e recursos naturais e resíduos. A indústria aeronáutica, que representa 2% das emissões globais, tem compromisso global de reduzir as emissões em 50% até 2050. A companhia aérea aposta no desenvolvimento tecnológico para reduzir o impacto ambiental. Mas não é só. O Instituto Embraer ataca quatro ODS: educação de qualidade, com dois colégios que há 15 anos inspiram alunos da rede pública, igualdade de gênero, inovação e infraestrutura e redução das desigualdades.

O Itaú Unibanco, também signatário do Pacto Global, é outra corporação que revisa a estratégia de sustentabilidade com um olhar nos ODS. Com maior ou menor relevância, o banco se dedica a todos os objetivos – ao financiar projetos de energia renovável ou ao desenvolver o programa Itaú Mulher Empreendedora, modelado para ajudar mulheres de negócio. “A gente já entendeu o papel do banco na busca dos ODS, mas é preciso avaliar se precisa ajustar a estratégia ou até fazer mais”, diz Denise Hills, que também é superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do banco.

A Votorantim Cimentos já reduziu 23% das emissões de gases do efeito estufa desde 1990, em um esforço para cumprir a ODS. O foco não é só esse. Às respostas ao desafio tecnológico, que passam por uma menor dependência de combustíveis fósseis e a produção de cimento com materiais que dispensam o processo de calcinação, se soma a frente social. Na Fábrica Primavera, a quase 200 km de Belém, no Pará, desenvolve os ODS 4 (educação de qualidade) e 8 (trabalho decente e crescimento econômico). “É preciso comprovar que estamos a caminho de cumprir os 17 ODS”, diz Álvaro Lorenz, diretor técnico da companhia.