Valor Econômico
06/12/2019

Por Juliana Schincariol

Para presidente do BNDES, esse é o melhor momento para investir e empreender no país

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, disse há pouco que o Produto Interno Bruto (PIB) retomou o ciclo de alta, que será puxado pelo setor privado, com a redução do Estado.

“O brasileiro ainda sente na pele que a situação não é fácil na economia real. Mas a verdade é que o PIB virou, já está no positivo e começamos um ciclo de alta… Agora um ciclo de alta com muito mais conteúdo, com muito mais resiliência, porque é puxado pelo privado”, afirmou, ao participar de evento do escritório de agentes autônomos Platinum, no Rio.

O PIB privado, segundo ele, cresce como pouco se viu antes. “Se você decompor o nosso PIB, de 1% que ainda é modesto, ele é basicamente 2% de crescimento no PIB privado e 1% de recessão no público, o que é um bom sinal”, disse.

“O Estado não vai resolver os problemas que precisamos, isso está provado. É caro, é ineficiente”, continuou. Segundo ele, a mudança cultural que essa geração está vivendo no Brasil é mais profunda e mais forte. “Mudar uma cultura é difícil e quando se muda uma cultura, que dá um passo à frente, que fica mais democrática, mais justa, mais empreendedora, é difícil dar um passo para trás”, afirmou. Para o executivo, esse é o melhor momento para investir e empreender no país. “O juro real de hoje é um experimento social. Não sabemos o comportamento de tirar o dinheiro do Estado e botar para trabalhar.”

 Montezano afirmou, ainda, que o fator fiscal será importante para determinar o resultado de 2020. “Este ano já surpreendeu positivamente. O crescimento do ano que vai dizer a qualidade [fiscal] que está vindo. Estamos otimistas. Com o PIB crescendo, se paga um pouco mais de impostos, gera receitas e estabiliza as contas. Nosso grande desafio é a produtividade”, disse. Para o presidente do BNDES, o grande desafio global é a alocação de capital, especialmente a alocação responsável, que busca o lucro financeiro equilibrando ações ambientais e social (ESG, na sigla em inglês). “Essa tendência de social e de propósito chegou para ficar.”

Montar bons projetos e trazer capital para ajudar o país a se desenvolver. A nossa função não é ser especulador.”

As privatizações serão tratadas como prioridade pelo BNDES depois que as operações são aprovadas pelos governos. “A Eletrobras é nossa prioridade futura”, afirmou, citando ainda outras empresas que já vigoram no Plano Nacional de Desestatização, como Correios, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), por exemplo. No âmbito federal, citou nomes empresas de energia como CEB e CEEE. Segundo Montezano, a modelagem para o setor de saneamento tem sido as parcerias público privadas (PPPs), caso do Rio Grande do Sul, Alagoas e Amapá.

Para o presidente, o banco não tem como função especular ações e se uma empresa for madura, ela não serve mais para o BNDES. Antes da gestão de Montezano, uma venda de ação era feita com base em uma única planilha considerando um determinado fluxo de caixa, modelo que segundo ele trazia muita insegurança. Agora, diz que é feito uma avaliação e são consideradas bandas de valores. “Temos um normativo que considera múltiplos, preços, históricos. Construímos um racional que justifica porque está vendendo”, disse.