Carla Araújo, O Estado de S.Paulo

13 Novembro 2017 | 20h18

Ex-ministro das Cidades disse ter combinado com Temer que secretário executivo da pasta, Marco Aurélio de Queiroz, vai ajudar na transição para o próximo a comandar Ministério

BRASÍLIA – Primeiro ministro tucano ao deixar o governo do presidente Michel Temer, o agora ex-ministro das Cidades, Bruno Araújo, disse ao Estado/Broadcast Político que vai se dedicar para tentar ajudar o PSDB a resolver a crise interna e que combinou com o presidente que deixará uma equipe na pasta para cuidar da transição para o próximo ministro.

“Vou descansar alguns dias e depois mergulhar e me dedicar para trabalhar pela unidade do PSDB”, disse. Araújo afirmou ainda que, além de retomar o trabalho como parlamentar, vai se dedicar para construir uma aliança em Pernambuco com vistas às eleições de 2018.

Bruno Araújo, que redigiu a carta de demissão na noite deste domingo e a finalizou na manhã desta segunda-feira, teve uma conversa com Temer pouco antes da cerimonia simbólica de entrega de cartões-reforma. Segundo ele, Temer foi “como de costume” elegante ao receber sua demissão. “Foi uma conversa elegante e combinamos de que o secretário executivo da pasta, Marco Aurélio de Queiroz, vai ajudar na transição para o próximo ministro”, afirmou.

Assim como ressaltou em sua carta de demissão, o tucano disse que as razões que o levaram a assumir o ministério foram sendo desidratadas o que inviabilizou a sua continuidade no comando da pasta. Na carta entregue ao presidente, Bruno Araújo diz “não há mais apoio” para que ele seguisse no comando da Pasta e fala indiretamente da crise vivida no PSDB. “Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”, escreveu.

A pasta está sendo cobiçada por aliados da base insatisfeitos com o espaço no governo e que pedem a mudança administrativa em troca de aprovar projetos de interesse do governo como a reforma da previdência. “Tenho a convicção, Sr. Presidente, que a serenidade da história vai reconhecer no seu Governo resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira. Receba minha exoneração e meus agradecimentos”, completa o deputado pernambucano que estava licenciado.

Bruno diz que, em maio do ano passado, aceitou o convite “para ajudar o País no processo de transição que permitisse, nas palavras do ex-presidente Fernando Henrique, ‘repor em marcha o governo federal…’ e preparar o País para o seu próximo líder a ser eleito daqui a alguns meses”.

Bruno Araújo, que discursou no evento no Planalto, afirmou que sob seu comando o Ministério das Cidades avançou em governança. “Recuperamos o Minha Casa, Minha Vida e a credibilidade nos compromissos financeiros. Implantamos duas ações que vão deixar marcas relevantes no desenvolvimento social do País: o Cartão Reforma e a Nova Legislação de Regularização Fundiária”, escreveu. “Preciso agradecer o apoio de toda nossa competente equipe nessas realizações, e de modo especial a sua confiança, que de trato sempre fidalgo e republicano, permanentemente nos deu autonomia em busca da melhor entrega possível a população brasileira”, completa.

O agora ex-ministro afirmou que há ainda muito o que se fazer. “O País responde rapidamente ao comando da boa gestão, testemunhei isso. É hora das prioridades serem mais da sociedade e menos das corporações. É fundamental coragem de todos para os enfrentamentos que protejam as necessidades dos que não conseguem faltar ao trabalho para vir a Brasília clamar por melhores serviços públicos.”

No discurso, Araújo afirmou ainda que o “país responde com velocidade a governança” e que tinha sido testemunha disso. “Eu testemunhei isso nesse período no ministério”, afirmou. Em outra parte de sua fala, o então ministro disse que não tinha a menor dúvida de que deixava bons exemplos.

O evento desta segunda-feira foi agendado na semana passada depois de duas visitas canceladas pelo presidente Temer a Caruru (PE), que foi escolhida como espécie de cidade piloto do programa. Alguns aliados acusavam o então ministro tucano de usar o programa cartão reforma e outras ações das Cidades, que é uma pasta com bom Orçamento e visibilidade, como palanque.