Valor Econômico
10/08/2020

Por Marcos de Moura e Souza

Recursos serão usados inicialmente para ampliar o fôlego do banco na concessão de empréstimos a empresas e prefeituras para fazerem frente aos efeitos da pandemia

O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) obteve uma linha de financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento no valor de € 70 milhões. Os recursos serão usados inicialmente para ampliar o fôlego do banco na concessão de empréstimos a empresas e prefeituras para fazerem frente aos efeitos da pandemia.

A nova linha – com prazo de 12 anos – também vai fomentar, num segundo momento, projetos com viés socioambiental. Esse é o segundo contrato que o BDMG assina com a agência francesa. O primeiro foi em 2013, para áreas de saneamento e mobilidade urbana. “Imagino que entre agosto ou setembro a gente já terá a primeira parcela entrando no banco”, disse ao Valor Sergio Gusmão, presidente do BDMG.

Além do novo capital francês, o BDMG negociou com outra instituição europeia, o Banco Europeu de Investimento, uma mudança no uso de uma linha de € 100 milhões. Essa linha foi assinada em 2019, tendo como alvo empréstimos a serem feitos pelo BDMG a empreendimentos sustentáveis, que atenuem o processo de mudança climática.

Mas com a urgência provocada pelos estragos econômicos da pandemia, o BDMG e o banco europeu definiram que 30% – € 30 milhões – daquele montante poderá ser usado para tomadores de crédito navegarem na atual crise. “Isso é muito importante porque dá ao BDMG um extra considerável de funding para direcionarmos para as empresas de todos os setores e de todos os portes durante este momento de pandemia”, disse Gusmão.

Na semana passada, ele assumiu a presidência da Associação Brasileira de Desenvolvimento, que envolve 30 instituições financeiras de fomento de todo o país, incluindo o BNDES e Banco do Brasil.

O BDMG é o maior banco de desenvolvimento estadual do país e registrou até julho um volume de desembolsos superior ao de 2019. De janeiro a julho deste ano, o banco desembolsou R$ 1,5 bilhão, enquanto durante todo o ano passado foi R$ 1,3 bilhão.

“A gente teve um crescimento muito significativo de desembolsos para micro e pequenas empresas. Do total de R$ 1,5 bilhão, mais de R$ 400 milhões foram para empresas desse porte, o que é um recorde nosso”, disse Gusmão. No ano passado, o banco havia atingido sua maior marca de desembolsos para micro e pequenas e o valor ficou próximo dos R$ 200 milhões.

As micro e pequenas empresas são as maiores empregadoras em Minas Gerais e são também as mais expostas às mudanças impostas pela pandemia. “O banco entrou para valer numa ação anticílica para dar suporte para esse segmento”, disse o executivo.

Julho, em particular, foi um mês histórico para o BDMG, com seus desembolsos chegando à marca dos R$ 413 milhões. A cifra mostra a forte necessidade de crédito por parte de empresas e gestores públicos para recompor caixa, refazer estoques, saldar dívidas e, de um modo geral, organizar as finanças nesse período de baixa abrupta na receita.

“A gente ainda está no coração da crise. Para alguns setores, já houve algum nível de recuperação. Mas é cedo para fazer uma avaliação do impacto da covid-19 nas empresas como um todo”, disse, lembrando que a curva de contaminação ainda é acelerada no Estado.