Valor Econômico
15/05/2020

Uma parcela dos agentes econômicos calibrou expectativas ao migrar de respostas pessimistas para opções mais neutras

A divulgação prévia extraordinária de sondagens da Fundação Getulio Vargas (FGV) — com dados coletados até 13 de maio — sinaliza acomodação nos índices de confiança, após forte recuo em abril.

Na comparação com o fim de abril, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) sinaliza alta de 7,7 pontos, para 63,5 pontos. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiria 6,5 pontos, para 64,7 pontos.

“Após os níveis de confiança despencarem em abril, a prévia das Sondagens de maio mostra uma acomodação dos indicadores ainda em patamares extremamente baixos, sob o impacto da pandemia de Covid-19 e seus efeitos sobre a economia” , destaca em nota Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens da FGV IBRE.

Para a pesquisadora, com a deterioração do cenário já em curso, uma parcela dos agentes econômicos calibrou expectativas ao migrar de respostas pessimistas para opções mais neutras. “Em outras palavras, pode estar ocorrendo uma adaptação das expectativas ao ‘novo normal’ do período de crise” .

De acordo com a FGV, o aumento da confiança na prévia de maio foi determinado por alguma redução do pessimismo em relação aos próximos meses. A percepção sobre a situação corrente ficou estável tanto para empresas quanto para consumidores.

A alta de 7,7 pontos da confiança empresarial no mês (que consolida os setores produtivos acompanhados pela FGV) resultou da combinação de relativa estabilidade do Índice de Situação Atual dos Empresários (ISA-E), que variou 0,1 ponto, para 61,6 pontos, e da alta do Índice de Expectativas Empresarial (IE-E) em 9,8 pontos, para 61,3 pontos.

A indústria isoladamente é o único setor em que a confiança continuou caindo na prévia de maio. Após o terceiro mês em queda, o ICI acumularia perda de 44,4 pontos e levaria a Indústria ao menor nível de confiança entre os quatro setores pesquisados.

O índice de confiança de Serviços, subiu 9,0 pontos em maio, mas após acumular queda de 43,3 pontos no bimestre mar-abr, a alta devolveria apenas 21% da confiança perdida. Para o Comércio e Construção, a devolução das perdas no mesmo período seria ainda menor: de 12% e 7%, respectivamente. Em médias móveis trimestrais, todos os setores continuariam em queda.

Entre os consumidores, o índice que mede a percepção sobre a situação atual (ISA-C) subiria 0,9 ponto, para 66,5 pontos, enquanto o indicador que capta as perspectivas para os próximos meses (IE-C) teria um aumento de 10,0 pontos para 65,0 pontos.